VADA A BORDO, CAZZO!


Danilo Rizzo - Se formos buscar significados para a palavra Liderança, acharemos algo como “a arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva mentalidades e comportamentos”. Acharemos também tipos de liderança: autocrática, democrática ou liberal; e estilo de líderes: transformacional, carismático e formador. Essas informações estão na internet, assim como inúmeros artigos sobre o tema. Ainda, por mais que haja conteúdo abundante, parece que a crise de liderança no mundo corporativo está longe de um fim.

No campo filosófico, as correntes sobre perfil de liderança são bastante interessantes e podem nortear alguns debates. Enquanto Platão fala em um líder técnico e que tenha sido submetido a uma educação intensiva e abrangente, Maquiavel entende que um líder não deve medir esforços nem hesitar se o que estiver em jogo for a integridade e o bem do seu liderado, mesmo que o que deva ser feito pareça cruel ou antiético. Já Confúcio trata a confiança como principal virtude do líder, e na falta dela, o líder fracassará, por mais competente tecnicamente que seja. O sábio chinês finaliza seu raciocínio afirmando que a confiança do líder deve permiti-lo se cercar de profissionais mais competentes do que ele, pois só assim ele será mais competente que seus liderados. Por fim, outro chinês, Lao Tsé, fala do líder servo, que lidera com doçura, que não possui desejos de guerra, que não é violento, e que é grande mantendo-se abaixo de seus liderados.

Fiz esse rodeio todo para diz que recentemente li um texto no site administradores.com.br com o sugestivo título: PROCURAM-SE LÍDERES DESESPERADAMENTE! O artigo abordava dois estudos atuais sobre o tema.

Um desses estudos, da consultoria Bersin by Deloitte, concluiu que, pasmem, os profissionais com perfil de liderança estão cada vez mais escassos, e cada vez mais procurados. Claro que quem vive no mundo corporativo concluiu isso bem antes da consultoria, de qualquer forma, o estudo traz números interessantes e, por que não, alarmantes sobre o tema. O estudo envolveu empresas de 130 países, onde 89% das companhias participantes classificam a formação de líderes como uma questão importante ou muito importante, 13% se declaram excelentes na formação de líderes, e 7% responderam serem excelentes na formação de jovens líderes. Em relação a visão dos liderados, nos Estados Unidos, absurdos 75% dos funcionários que participaram do estudo afirmaram que seu chefe é a pior parte de seu trabalho, e 65% aceitariam um corte de salário se pudessem substituir seu chefe por outro melhor. 

O outro relatório abordado no artigo é da McKinsey, e revelou que menos de 30% das empresas conseguem encontrar os profissionais certos para cargos C-level (CFOs, CEOs, CIOs, etc.). O texto dá a pincelada final citando Henry Mintzberg, um dos maiores pensadores de gestão e estratégia da atualidade, que diz que: “não se formam líderes em sala de aula”.

Confesso que os resultados não me surpreenderam tanto porque minha impressão é de que somos cada vez menos capazes de lidar com problemas simples, estamos cada vez mais reativos e egoístas, praticamos cada vez menos a empatia e, apesar de estarmos cada vez mais conectados, nos comunicamos menos e pior.

Em que pese me agradarem profundamente os estudos filosóficos, sobre liderança, gosto da aplicação de um conceito não usual para o tema chamado teoria dos jogos. A teoria dos jogos tornou-se um ramo proeminente da matemática nos anos 30 do século passado, e popularizou-se nos anos 90 quando a pesquisa de John Nash ganhou o Prêmio Nobel de Economia. Essa teoria estuda as decisões que são tomadas em um ambiente onde vários jogadores interagem. Em outras palavras, a teoria dos jogos estuda as escolhas de comportamentos ótimos quando a relação custo / benefício de cada opção não é fixa, mas depende da escolha dos outros indivíduos. Em minhas palavras, a teoria dos jogos evita que você tome decisões canalhas e egoístas.

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