NOVO MESMO, SÓ O NOVO


Por Danilo Rizzo – Estamos a praticamente 60 dias da eleição que, com certeza não reconduzirá Temer ao posto de mandatário-mor do país, e que indicará quem será o próximo Presidente. Não que no passado a coisa não era assim, mas desde os episódios de manifestações populares de 2013, o ambiente se polarizou agressivamente. Direita e esquerda, coxinhas e mortadelas, eles e nós, mocinhos e bandidos, pobres e ricos, brancos e negros, minoria e maioria, etc., etc. A nomenclatura de fato pouco importa, mas uma parte da população que vivia à margem da discussão política, passou a fazer parte desse ambiente e como um dramalhão mexicano, tem culpados, vítimas e traidores para onde quer que se olhe.

Algumas novas figuras apareceram na corrida presidencial como Bolsonaro, uma raposa velha da política carioca, mas um completo anônimo para o resto do país, adotou a estratégia de um adolescente, ejaculou precocemente suas pretensões, ambições e opiniões, e claramente perdeu força nessa corrida. Está estagnado a tempos nas pesquisas, perdeu o apoio do ‘centrão’, e será presa fácil das outras raposas nos debates televisivos. Outras presenças novas como Boulos e Manuela D’Avila, são candidatos de nicho e, como o PT de antigamente, terá peso perto de insignificante nessas eleições. Também há Álvaro Dias, que tem carreira política extensa e, portanto, não é figura nova, mas nunca pleiteou a Presidência. O que ele é? O que ele representa? A velha política? Um político das antigas que se purificou? Uma persona impoluta desde sempre e que sobreviveu num antro de cobras? A verdadeira virgem no puteiro? Difícil dizer.

Tanto eles quanto os outros - Ciro, Marina, Alckmin – falam de mudanças e, em que pese fazerem parte do ambiente político brasileiro, se proclamar capazes de redirecionar o país para mares nunca dantes navegados, de águas puras, livres de corruptos e corrupção. Todos afirmam não serem e nunca terem sido corruptos, mais ou menos como ter pele escamosa, rastejar, ter língua bifurcada e sangue frio, mas não se admitirem como víboras. Ajudaram a afundar a República e se dizer capazes de refunda-la. Enfim, muita gente acredita nisso e sobre isso não temos o que fazer.

De tudo o que li, vi e ouvi, o único discurso alinhado a prática é o do João Amoedo e do seu Partido Novo. São publicamente contra o fundo partidário e o dinheiro a eles dirigido não é usado em campanha. Entendem que o Estado deve diminuir através de privatizações planejadas, a fim de que o Governo Federal deixe de ser player em mercados e passe a cuidar de forma eficiente do que ele constitucionalmente deve cuidar. Falam em imposto único, que facilita o planejamento das empresas, torna claro ao cidadão o ambiente tributário, e trazer com isso uma estabilidade jurídica importante para impulsionar o crescimento do país. Não falam em minoria, pois entendem que o olhar deve ser sobre o indivíduo e não sobre o grupo, pois assim diminui-se os privilégios. Falando sobre privilégios, Amoedo e o Partido Novo batem muito nessa tecla, mais do que qualquer outro candidato ou partido, e entendo que com o propósito correto já que é o privilégio que constrói a desigualdade, é o privilégio que coloca pessoas e necessidades e prateleiras diferentes enfraquecendo as relações.

O entendimento do Partido Novo sobre indivíduo é algo que merece destaque e faz todo sentido. O voto é individual e intransferível, assim como nossos pensamentos, valores e atitudes, e isso precisa ser assumido por cada cidadão. Esse empoderamento do indivíduo pode parecer num primeiro olhar algo que provoque afastamento, mas na verdade imputa a todos a responsabilidade que nossos atos têm dentro da sociedade em que estamos inseridos. Não causa afastamento, mas sim, nos faz pensarmos no bem comum como nunca antes foi proposto no ambiente político... E por consequência, aflora a consciência de que não há um super-herói, não há um Messias, mas que o país só progredirá através do esforço individual de cada um, e não através da varinha de condão do próximo mandatário.

A valorização da opinião individual reflete no Partido Novo de uma forma bastante interessante. Enquanto vemos vereadores, deputados e senadores aguardarem as lideranças partidárias ‘fecharem questão’ sobre porte de armas, aborto, escola sem partido, etc., como se os legisladores não tivessem capacidade de refletir sobre os temas e se colocam na posição de meras marionetes, aniquilando o voto dado a eles pelos eleitores, o Novo não ‘fecha questão’ sobre esses assuntos, pois entende que seus membros podem e devem exercitar seu raciocínio e consultar seus valores individuais para opinarem, e não serem submetidos ao posicionamento do partido.

Creio que parece claro para vocês que me leem, para quem irá meu voto no próximo dia 7/10. Assim como fiz nas eleições para prefeito e vereador, vou votar em candidatos do Partido Novo, porque me identifico com o discurso e como o Novo entende para onde o país deve rumar. Se acho que Amoedo será o próximo presidente? Tenho certeza que não será. Farei o possível para que o Brasil adote as políticas e estratégias do Novo, mas não sou ingênuo, e sei que no campo do jogo da eleição presidencial tem gente muito mais experiente, e que conseguirá convencer a massa a ir com eles. Fazendo um exercício de futurologia, hoje, 5/8/2018, creio que teremos um segundo turno entre Ciro Gomes e Geraldo Alkmin, e o segundo tomará posse como Presidente em 1/1/2019. É o que eu acho, não o que eu quero.

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