IMPARCIALIDADE = CONFIANÇA + APOIO


Por Danilo Rizzo - Posso dizer com a experiência que tenho que Compliance é sobre pessoas. Mais especificamente em despertar nas pessoas a vontade de realizar negócios com integridade e de incentiva-las a mitigar riscos... Seja o risco da companhia perder dinheiro, de que sua reputação possa ser afetada, de enfrentar problemas legais, de que seus funcionários possam se ferir, de que seus clientes possam ser prejudicados, e assim por diante.

Atualmente muitas empresas e empresários buscam formas para promover uma cultura organizacional que incentive a conduta ética e o cumprimento das leis, e um elemento da cultura organizacional que tem um forte impacto nesse processo, porque afeta profundamente o comprometimento dos funcionários, é o cuidado que a organização deve ter em como seus funcionários percebem os processos de tomada de decisão.

Façamos um pequeno exercício. De um passo atrás e olhem o ambiente corporativo onde você está inserido e se pergunte: As pessoas têm chance de apresentar seus pontos de vista? Os processos de decisão são neutros, transparentes e baseados em fatos e dados? As políticas são aplicadas de forma consistente e em todos os níveis da empresa? As pessoas são levadas a sério e tratadas com respeito? Quem toma as decisões tenta fazer a coisa certa? Ou só quer tirar o problema da frente?

Recentemente li um texto sobre uma pesquisa feita por professores da Universidade de Yale (US) que concluiu que se uma empresa quer construir uma cultura que encoraje a conduta ética de seus funcionários e o compromisso com o Compliance, essa empresa deve focar-se na imparcialidade de suas decisões. Em outras palavras, se os funcionários acreditarem que a empresa onde trabalham é justo, íntegro, imparcial, eles estarão mais propensos a ver seus líderes como autoridades legítimas e moralmente engajadas, o que, por sua vez, leva a um maior compromisso voluntário com o Compliance. Como diria Confúcio: “Uma imagem vale mais que mil palavras.”.

Essa conclusão é, pelo menos na minha visão, descolada da prática da maioria das organizações que conheço. O que vejo é que as empresas, com suas equipes cada vez mais enxutas e apuradas de responsabilidades, gastam dinheiro e tempo dizendo aos seus funcionários para que eles sigam as regras, mas se esses funcionários não acreditam que os processos decisórios da organização são justos e imparciais, de nada vale o investimento. Um privilégio, uma camaradagem, uma decisão tomada no calor do momento, compromete fortemente um trabalho de anos.

Essa imparcialidade, integridade, justiça, fortalece a confiança, que é um elemento fundamental para que possamos conviver em harmonia numa sociedade. E como resultado, a confiança gera apoio dos funcionários nos processos e critérios que afetam as decisões organizacionais. Nunca me esqueci de uma frase que ouvi num filme chamado Remember de Titans (Duelo de Titãs, em português): “Comportamento reflete liderança.”.

Comentários