LAGARTO PAUL

Por Danilo Rizzo – Eu gosto bastante de futebol, tenho meus times preferidos, mas gosto de assistir jogos de todos os times e campeonato. Sou daqueles que vê a Copa do Mundo como algo quase sacro, o ápice do esporte, e, se às vezes me pego assistindo um jogo da 3ª divisão do campeonato italiano, como diriam outros, imagina na Copa?! Na Copa, minha meta sempre é assistir a todos os jogos... Todos! Quer saber quem estará assistindo aquele Panamá x Tunísia dia 28 de junho? Eu!
Uma tradição que mantenho antes das Copas é a de colecionar palpites. Sim, palpites. Devo confessar que sou fã do jogo Pro Evolution Soccer, ou Winning Eleven para meus contemporâneos, ou, para os fifeiros, “aquele outro joguinho de futebol”. Minha tradição consiste em criar os grupos reais da Copa do Mundo no jogo, e deixar a máquina fazer sua mágica. É uma forma de usar a inteligência artificial do game para prever quem ganhará. E para que essa previsão seja a mais acurada possível, faço essa rotina algumas vezes.
Para essa Copa, no entanto, a inteligência artificial me sacaneou um pouco e resultados meio bizarros foram registrados como: Egito 4 x 1 Uruguai; Espanha 0 x 4 Marrocos; Portugal 1 x 4 Espanha; Portugal 0 x 3 Marrocos; Suécia 0 x 4 Coréia do Sul; Coréia do Sul 2 x 0 Alemanha... e um incomodo Brasil 0 x 1 Alemanha numa oitavas-de-final. Enfim, mesmo contando com o imponderável, pouquíssimas pessoas se atreveriam a apostar em resultados como esses.
Em que pese essas sacanagens da máquina do jogo, deu para ter uma noção dos favoritos, principalmente porque, nas simulações que fiz, algumas seleções sempre chegaram às fases agudas. Na grandíssima maioria dessas simulações, pasmem, França, Argentina e Bélgica estavam entre os semifinalistas. Brasil, Alemanha e Espanha chegaram vez ou outra, seguidos por Inglaterra e Portugal. Zebras? Talvez a Dinamarca, que mostrou uma consistência singular, chegando até as quartas-de-finais em 100% das simulações que fiz.
Um pouco mais profissional do que eu, o Goldman Sachs, um dos maiores bancos do mundo, usou seus computadores para simular os jogos da Copa 1 milhão de vezes até achar o vencedor. Sim, os caras simularam 1 milhão de cenários possíveis na Copa do Mundo e cravaram quem será o campeão. Um grupo de analistas do banco utilizou um machine learning para executar 200 mil modelos, extraindo dados sobre atributos individuais de jogadores e de equipes, para ajudar a prever pontuações específicas de partidas. Mais ou menos o que eu fiz, não é mesmo?
Para o Goldman Sachs e seus ocupadíssimos analistas, o Brasil ganha o hexa, derrotando a Alemanha na final, já que a média de gols brasileiros, por simulação, foi maior que a alemã. Interessante que a França, pelo mesmo critério de média de gols, tem mais chances de conquistar o título do que a Alemanha, mas como os franceses enfrentariam o Brasil nas semifinais, eles seriam eliminados. A Alemanha derrotaria Portugal na semifinal, mas num jogo bastante equilibrado. Segundo as simulações, não seria uma excepcionalidade Portugal bater a Alemanha e chegar à final do torneio. Inglaterra, Espanha e Argentina, devem apresentar um desempenho apenas mediano e não passam das quartas-de-final.
Como o futebol é uma caixinha de surpresas, o estudo do banco já foi vitimado pela dona da casa. Na simulação do Goldman Sachs, a Rússia, apesar de anfitriã, não passa da fase de grupos. Nada de improvável nessa previsão, mas a canelada é que, acordo com as simulações, quem passará da fase de grupos no lugar da Rússia será a Arábia Saudita... que tomou de 5 dos donos da casa no jogo de estreia da Copa.
Nessa batalha de 1 milhão contra um, quem será que acertará mais? O “Lagarto Paul” ou a Inteligência artificial de um dos maiores bancos do mundo?

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