FILHOTE DE PROTÁGORAS

Por Danilo Rizzo - Nos últimos dias tenho ouvido coisas que imediatamente me fazem lembrar uma galerinha das antigas que não eram lá muito próximos dos conceitos de ética.
Usualmente quando precisamos convencer alguém de algo, nos cercamos de bons argumentos para atingirmos nossos objetivos... Se não vejam como a publicidade nos vende seus produtos. Nada disso é novo, e nenhuma técnica de convencimento foi inventada pelo atual guru das vendas, tudo isso foi criado há vários séculos. O sofismo (sofisma) nasceu das técnicas ensinadas por professores de filosofia e retórica na Grécia antiga, porém com o passar dos tempos, uma conotação pejorativa foi aderida à palavra, devido à técnica passar a ser baseada por seus agentes em argumentos inválidos concebidos para apelar à emoção. Protágoras, Górgias e Pródico são apontados como os primeiros a usarem essa técnica de retórica, porém são conhecidos hoje apenas através dos escritos de seus oponentes (Sócrates, Platão e Aristóteles), que desafiaram os fundamentos filosóficos sofistas por entenderam tratar-se de um pensamento que procura induzir ao erro, apresentando aparente lógica e sentido, mas com fundamentos contraditórios e com a intenção de enganar.
Imagem: crato.org
Se por um lado a origem do pensamento sofista é pouco explorada, sua técnica perdura desde antes de Cristo e, por vezes, somos afrontados e agredidos por filhotes de Protágoras. Afinal, os sofistas eram considerados mestres nas técnicas de discurso, fazendo com que o interlocutor acreditasse rapidamente naquilo que falava, sendo verdade ou não, pois o principal compromisso está em fazer com que o público acredite naquilo que diziam, e não com a busca pela verdade. Quando alguém lhe diz que "Não tem uma viva alma mais honesta do que eu neste país" ou "Acabar com a fome é uma questão de tempo. Pouco tempo", saiba que estará diante de um sofista. Quando a discussão for sobre políticos e executivos presos na operação Lava Jato e uma das considerações for que “A situação hoje é mais difícil do que na Ditadura” ou que “O grande problema da delação premiada é que o grande prêmio para os delatores é envolver o Lula”, você está conversando com alguém que utiliza argumentos inválidos concebidos para apelar à emoção, e que apesar da aparente lógica, não tem compromisso com a verdade.
Desmascaram uma pessoa de má-fé como essa não é difícil, pois, como seu ponto fraco é o ego e a percepção sobre si mesmo, logo falam demais e soltam frases como "Tem hora em que estou no avião e, quando alguém começa a falar bem de mim, meu ego vai crescendo, crescendo, crescendo... Tem hora que ocupo, sozinho, três bancos com o ego"... Típico do sofista que não tem compromisso com a verdade. Quando lhe disserem que os filósofos já fizeram as perguntas mais importantes: Acredite. Quando lhe disserem que os filósofos já pensaram sobre as coisas mais importantes: Acredite também.

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