NINGUÉM LARGA O OSSO

Por Danilo Rizzo – Ultimamente tenho lido e visto manifestações sobre diferentes temas que me remetem a um mesmo cerne. Reserva de mercado, máfia, cartel. Não importa o nome que se dê, tudo não passa de medo de perder o osso, de perder a mordida, de perder a fatia de um bolo distribuído fartamente e que pouco se pede em troca.
Em tempos de comunicação a jato Skype, Facebook e WhatsApp se tornaram ferramentas indispensáveis para o dia-a-dia. Em qualquer lugar e a qualquer hora, em poucos segundos notificamos e somos notificados dos acontecimentos durante ou assim que eles ocorrem. Sou da geração que cresceu sem celular e internet, e confesso ter dificuldade em lembrar como era a vida sem eles. Esse maravilhoso mundo moderno, porém, incomoda a quem não quer perder sua fatia no bolo, como o presidente da Vivo, por exemplo, que recentemente categorizou como ‘pirataria’ o WhatsApp e demais aplicativos que usam os nossos números de telefone para mandar mensagem grátis. Explicável a declaração, quando vinda do mandatário de uma das empresas que compõem o oligopólio da telefonia no país, atingindo formas mais baratas e competentes de atender as demandas dos usuários, e que mostram que algo pode funcionar de forma eficiente em contraponto à ineficácia patológica das operadoras que atuam por aqui.
Outra atividade recente por aqui, foi alvo do mimimi de velhos cachorros babões. Tratam-se dos serviços de streaming. Juntas, Oi e Vivo destilaram veneno, apontando os serviços oferecidos pelo Netflix como concorrência desleal, pois há desequilíbrio tributário entre está e as operadoras de Tv por assinatura. A completa falta de apetite em competir com empresas com melhores soluções, atrelada à falta comprometimento com seus assinantes se dá, porém, na solução proposta pelos críticos. Ao invés de abrir discussão em busca de uma tributação coerente e equilibrada, tornando o mercado mais atrativo, a sugestão é que empresas como o Netflix sejam igualmente taxadas e controladas.
Imagem: proximaparada.blog.br
Finalmente uma celeuma não tão recente, mas igualmente regada de medo, e sobre o tema, levanto um questionamento: Quem deve se meter na minha vida, quando eu quero um produto ou serviço específico, diferenciado, exclusivo? Ou ao contrário, se não tenho como pagar por algo exclusivo, e decido por algo comum e mais acessível? Penso que a resposta para ambas às perguntas seja a mesma... Ninguém. Pois então a decisão de ir e vir num táxi ou num motorista do Uber é única e exclusivamente minha, e o serviço prestado pelo segundo não pode ser comparado ao de táxis normais, já que o serviço é de nível superior, correspondente, entendo, à contratação de um motorista particular. Se carece de regulamentação, temos congressistas muitíssimos bem pagos para discutir e decidir isso, o que é inadmissível, porém explicável, é a atitude intolerante, violenta e coercitiva de alguns taxistas. Inadmissível, pois nosso jovem e frágil capitalismo permite a livre concorrência, essa é a regra, e nenhuma categoria profissional tem a faculdade de impedir o exercício da atividade de quem quer que seja. Explicável, pois quando o governo é fraco, é natural que pequenas organizações assumam papeis de controle e hajam criminosamente assumindo o poder de forma clandestina.
Chama minha atenção empresas e prestadores de serviço que colecionam – muito - mais críticas que elogios e que frequentemente são classificados como incompetentes, insuficientes, negligentes, se prestem a atacar alternativas inovadoras em mercados repletos de ineficiência. No país que tudo pode, querem decretar que WhatsApp, Netflix e Uber não nos fazem bem e, não sei se contra a maré, ainda creio que Petrolão, inflação, dólar e falta de água são temas mais importantes. Acho que vou ceder à lógica deles, vou ligar para meu sogro, e quem sabe não consiga uma boquinha de diretor da Anac também.

Comentários

  1. Legal o ponto de vista sob o prisma da concorrência em um mundo capitalista. Porém, seria importante a regulamentação, especificamente no caso do Uber, visto que não há taxas ou impostos recolhidas ao poder público, o que ocorre no caso de contratação de um motorista particular por meio de registro.
    Abraço, Alan.

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