NÃO QUERO SERGIO MORO COMO PRESIDENTE DO BRASIL

Imagem: brainly.com.br
Por Danilo Rizzo - As comparações entre Sergio Moro e Joaquim Barbosa são inevitáveis, não exatamente por suas técnicas jurídicas, mas pelo papel assumido voluntária ou involuntariamente por ambos. Dados aos holofotes ou nem tanto, não importa o estilo, ambos foram elevados à condição de celebridades e, num país de população tão avessa a cumprir leis, por si, um juiz celebridade já é uma vitória. O Brasil vive de exemplos midiáticos, de homens e mulheres que tem suas boas ações divulgadas no Jornal Nacional, logo – e absolutamente previsível – os nomes de ambos são presença garantida em listas de intenções de voto para a Presidência da República, mesmo sem serem candidatos. Infelizmente essa empolgação sobre casos jurídicos notórios e seus agentes clarifica, ao menos, dois dramas históricos vividos pela população brasileira: não entendemos nada sobre ética; e não sabemos nada sobre política.
Minha honesta e simplista visão sobre a conduta do juiz Moro – e porque não a de Barbosa no julgamento do Mensalão - é a de que ele cumpre a lei e, desta forma, não está fazendo mais que sua obrigação enquanto magistrado. Notadamente, em qualquer país civilizado do mundo, isso seria uma coisa normal, mas aqui, aquele que tem coragem de colocar os poderosos na cadeia vira herói. Esse heroísmo atribuído a figuras humanas que reconhecem suas responsabilidades deveria ser regra cobrada e fiscalizada pela sociedade, sobre todo agente público ou privado, que se desviasse de uma conduta ética aceitável. De fato, fazer o que deve ser feito deveria ser a regra, por isso entendo que, enquanto país, não sabemos nada sobre ética. A voz da maioria não deve ser exclusividade das urnas, deve-se valer desse poder diariamente, especialmente quando se trata de correção de conduta de quem quer que seja: filho, pai, esposa, chefe, funcionário, etc.
Ostentar o coro de apoio à candidatura de Moro da presidente é consequência direta da escassez de debate político em nosso dia a dia, associado ao estadismo massificado nos discursos que pregam que o governo deve nos prover tudo, e à falta de senso ético que possuímos enquanto sociedade. Num ambiente ético, cada um sabe seu papel, sabe o que fazer e não fazer, e não espera que autoridades públicas ou privadas deem o exemplo. Logo, dado o cenário, é aceitável, na cabeça do brasileiro médio, que o presidente seja o paladino da justiça, da eficiência e dos bons costumes. Infelizmente, devo dizer que figuras como Sergio Moro são muito mais úteis à sociedade como juízes federais, por exemplo, do que como chefe do poder executivo nacional, livre de interesses e conchavos. E são em esperas menores do poder público que grande parte da sujeira acontece. Ambientes menos expostos que a agenda presidencial, com quantidade de sombra adequada para a atuação e repressão dos parasitas de confiança. Posso estar errado, mas na investigação da Lava Jato, até o momento, presos e condenados estão funcionários públicos e ocupantes de postos políticos de baixo e médio escalão.
Componho o time dos que creem que ações como Mensalão e Lava Jato são catalizadores de uma evolução social, aflorando temas como patriotismo, ética e política. Ajudarão no ajuste do mindset do brasileiro médio, migrando de um núcleo individualista, que se permite descumprir regras sem remorso, quando estas são obstáculos de seu interesse pessoal, para um núcleo, digamos, social, portanto mais ético, onde questões individuais não são impostas, mas discutidas, e onde prevalece o bem comum. Neste novo cenário, Moros e Barbosas continuarão fundamentais, não para conquistar, mas para manter conquistas, entre elas, o afastamento da corja que faz política por interesse próprio.

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