WASSILY KANDINSKY: UMA ILHA DE BELEZA EM MEIO À FEIURA


Por Gerson Moyses - Nessa semana visitei a exposição do artista plástico Kandinsky, que fica em cartaz no CCBB São Paulo, até 28/9/2015.
Nascido em Moscou em 1866, Wassily Kandinsky estudou Economia e Direito na Universidade de Moscou, porém desistiu dessas carreiras para dedicar-se às artes plásticas. Transferiu-se para Munique e iniciou os estudos artísticos. Começou com a produção de pinturas figurativas, principalmente paisagens. E a partir de 1910, passou a desenvolver seus primeiros estudos não figurativos. Kandinski é reconhecido pelos trabalhos puramente abstratos. Mas também escreveu poemas, em que as linhas e as cores são referências.
Mas por iniciar o texto citando um artista? Pelo fato de que nossa sociedade cada vez menos valoriza a beleza e a estética. Prova disso é que quando andamos pelas ruas, a sujeira, o descuido, a desordem, o mau-feito, o mau-cheiro, o mau-acabado e a destruição predominam. Parece que tudo, obrigatoriamente, tem que ficar pichado, sujo e destruído.
Minha hipótese para explicar esse fato se baseia na hierarquia de necessidades de Maslow. Estamos nos níveis mais baixo dessa pirâmide, buscando conquistar as necessidades básicas. Uma sociedade desenvolvida, que já garantiu os recursos necessários para viver com segurança e dignidade, tem a possibilidade de atingir níveis mais altos nessa escala, e valorizar a estética (entre outros aspectos intangíveis). E as artes são formas de sistematizar a estética. Pintura, arquitetura, dança, música, literatura, poesia, escultura, teatro, artesanato. As artes tem a função principal de estimular o sentimentos de alegria, felicidade e bem estar. Pode ser que também estimulem o senso crítico ou que estejam a serviço do protesto. Mas essencialmente, estar diante do belo é uma experiência prazerosa.
Bem, voltando à citada exposição, considero que espaços que valorizam e divulgam as diversas formas de arte são ilhas de beleza em meio à uma realidade feia e mau-cuidada. E enquanto não avançarmos como sociedade, corremos o risco de continuarmos com essas poucas ‘ilhas de beleza’, ou até perdê-as. E assim perdemos também parte da nossa alegria.

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