 |
| Imagem: ladyblunt.deviantart.com |
Faz alguns anos que algo vem acontecendo, venho sendo assediado por uma misteriosa mulher. Essa mulher, apesar de misteriosa, é explícita tanto quanto pode ser uma tentação, inclusive ao sussurrar que, iguais a mim, ela possui milhões. Ela é misteriosa e linda, capital estético elevadíssimo, lábios tentadores, pernas torneadas à perfeição, glúteos do tamanho que devem ser, assim como seu par de seios, sempre prontos para serem admirados e apalpados. Ela tem fala mansa, sabe o que dizer e quando dizer. Conhece minhas fraquezas, meus desejos. Quando digo a ela que sou casado, ela simplesmente sorri, e me acariciando diz que também é. Diz ela que é comprometida com vários, que eles não sentem ciúme de tamanha formosura em forma de desejo. Que conquistou alguns à duras penas, mas que outros se quer precisou chamar, vieram se arrastando. Muitos, ao conhecerem-na pela primeira vez, declararam amor eterno. Soube que ao ceder, deixamos do lado de fora do clube nossos valores mais puros, nossa moral, nossa alma. Lá nos juntamos a milhões que se venderam pelo mesmo xaveco. Adotamos uma forma bizarra, os olhos, cabeça e pescoço se curvam em direção ao umbigo, são avessos ao debate, e só se ouve o coro de ‘venha a nós’. De mãos dadas, atolados na lama, ninguém mais pensa nos outros, só em si, em seus benefícios e vantagens.
A vida do brasileiro é assim, assediado diuturnamente por tudo o que há de imoral e antiético no convívio em sociedade. Ao fazer as coisas certas, ao respeitar as leis, ouvimos ao fundo as risadas da dona Corrupção. As tentações estão em todo lugar, para nos corromper, tirar nosso sono. País? Não há país, diz ela.
Comentários
Postar um comentário