BRASIL: UM PAÍS EM ENTROPIA

Ilustração: Gerson Moyses
Por Gerson Moyses e André Silva - O objetivo desse artigo, é buscar causas para o caos político e econômico que estamos vivendo no Brasil, bem como discutir os possíveis efeitos.
Nossa escolha foi abordar o problema a partir de conceitos da física, mais especificamente da termodinâmica. Para isso, é importante apresentarmos três definições importantes:
  • ‘Sistema’ é um conjunto de órgãos compostos pelo mesmo tecido e com funções análogas; é um conjunto de etapas inter relacionadas e interdependentes; é conjunto das instituições políticas pelas quais é governado um estado.
  • Há três tipos de sistema: aberto (que faz trocas com o ambiente, como por exemplo, nosso sistema respiratório, que troca oxigênio por gás carbônico com a atmosfera); misto (que em alguns momentos faz trocas com o ambiente e em outros não, como o sistema de abastecimento de combustível de um veículo); e fechado (que não faz trocas com o ambiente).
  • ‘Entropia’ (do grego εντροπία), é uma grandeza termodinâmica que mensura o grau de irreversibilidade de um sistema, encontrando-se geralmente associada ao que denomina-se por "desordem" ou “caos”.
O física afirma que os sistemas que não fazem trocas espontâneas e equivalentes com o ambiente, tem seu nível de entropia aumentado mais rapidamente, e por consequência, também se tornam desordenados e caóticos, mais rapidamente.
Vejamos o exemplo do sistema da Cantareira: nos últimos anos o volume de água que saiu do reservatórios foi muito maior do que o que entrou. Não houve trocas espontâneas nem equivalentes. O resultado é que caminhamos para uma situação caótica. E quando o caos absoluto se instala, não há mais reversão e ocorre a falência do sistema.
Bem, vamos analisar a situação do atual governo. Nos últimos mandatos, o governo não fez as trocas espontâneas e equivalentes que deveria ter feito. Ofereceu direitos para as classes mais desfavorecidas, mas não cobrou deveres. Aumentou a cobrança de impostos da classe média, mas não retribuiu com a prestação de serviços públicos eficientes, e devidos. Ofereceu benefícios fiscais para algumas indústrias e retirou benefícios de outras. Sugou recursos do setor produtivo e não retornou com investimentos para aumentar a produtividade do País. Com os recursos retirados de toda a sociedade, abasteceu preferencialmente os partidos políticos, sindicatos, os esquemas de corrupção, e movimentos sociais aliados. Não dialogou, e deste modo, criou um fosso entre governo e sociedade. Prometeu um país dos sonhos na campanha eleitoral, mas está entregando um pesadelo. Em resumo: para os amigos tudo, para os inimigos a lei (ou nem isso).
O governo esqueceu que deve governar para todos, e não apenas para quem votou nele. As manifestações iniciadas em 2013 vêm mostrando a insatisfação com essa situação. No pronunciamento no dia das mulheres, ouviu-se um enorme panelaço. No último dia 15 de março, milhões de pessoas mostraram que a paciência acabou. A inflação estourou o teto da meta, e o ano de 2015 será de recessão e aumento do desemprego. As taxas de aprovação do governo nunca foram tão baixas, e o governo perdeu toda a credibilidade.
Se as leis da física regem o universo, com certeza regem o nosso dia a dia também. E temos que considerar isso nas nossas decisões, pois, as relações de causa e efeito vão acontecer independentemente da nossa vontade. Se não fizermos trocas espontâneas e equivalentes, entre todos os setores da sociedade, aumentaremos cada vez a entropia do sistema e mais velozmente avançaremos para uma desordem que pode evoluir para um caos econômico e social irreversível.

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