A GERAÇÃO X, O MODELO, E O BALDE

Imagem: www.amaliorey.com
Por Danilo Rizzo – Quem de nós nunca recebeu um e-mail de despedida de um colega de trabalho, próximo ou não, que está abrindo mão de estabilidade para encarar a vida? Ou de um amigo ou parente que declarou ao mundo estar com o saco cheio? Rapidamente me lembro de histórias que presenciei... Desde abrir mão da sociedade na empresa da família, até abandonar uma carreira construída ao longo de 15 ou 20 anos, para se dedicar a terapias alternativas.
Somos programados a reagir com surpresa a esse tipo de atitude. Nosso sistema cognitivo é preguiço e esse caos não é confortável. Mas há uma mensagem muito clara ao abdicarmos de grande parte do conforto que conquistamos. É a busca do que nos fará felizes de verdade... É a busca pelo brilho nos olhos que jamais tivemos. Minha percepção é de que histórias como essas são cada vez mais comuns, especialmente entre profissionais da minha geração. Enquanto todos se preocupam com a urgência e a ambição das novas gerações, a geração X está revendo seus conceitos e valores, e está olhando com mais carinho para suas virtudes.
Fazer carreira, aprender novos idiomas, trabalhar a vida inteira numa grande empresa, comprar um bom apartamento, investir numa previdência privada, constituir uma família de propaganda de margarina e ir para a Disney uma vez por ano... Fomos criados acreditando que isso é uma vida feliz. E quaisquer instantes de aventura são rechaçados, representam o caos que não queremos, e são um prato cheio para críticas... São sinônimos de vida vazia e pródiga.
Penso que grande parte dos profissionais que hoje tem 30 ou 40 anos, descobriu que alcançar esse modelo é um caminho longo e paga-se um preço muito alto. Os poucos que conseguem conquistar seus bens e sonhos sem a ajuda dos pais, estão esgotados. Mal têm tempo de curtir os filhos ou as férias. Ou pior, deixaram para “daqui a pouco” os filhos, os hobbies, o cônjuge, a felicidade.
Para ajudar, a tecnologia introduziu elementos que nossos pais não previram e não nos ensinar, a mobilidade contemporânea bateu nossas portas e janelas, mostrando que é possível existir estando em qualquer lugar, transcendendo a mesa de escritório, os ternos e gravatas, e os cartões de visitas, e nos apontaram o caminho daquilo que de melhor podemos oferecer ao mundo... Um sinal claro de nossa existência e do que o Cosmos espera de nós.
Descobrimos tudo isso depois de passarmos grande parte da nossa juventude preocupados em como nos sustentar, como sermos bem sucedidos, como conquistar prestigio, reconhecimento, família, bens. A parte boa disso é que enfim chegou nosso momento, depois de tudo o que aprendemos, nunca estivemos tão preparados para chutar o balde.

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