NEGAR A FÓRMULA

Por Danilo Rizzo - Talvez seja essa a questão mais importante de nossa era mas, além de mim, nunca ninguém me perguntou isso: Você ama o que você faz? 
Em minha observação do mundo, sempre vi as pessoas trabalhando 40 horas por semana e tirando 30 dias de férias... e isso era um fato, uma questão praticamente indiscutível, inexorável. Mesmo se você não gostasse do seu trabalho, isso tinha pouca relevância, as preocupações do escritório não o acompanhavam até em caso, o que era glorioso, e essa situação toda acabava não sendo tão ruim assim. Aquela imagem de escritório vazio as 17hs ou 18hs, no qual você podia disparar uma bala de canhão corredor abaixo e ninguém seria acertado. Era muito mais fácil encontrar sentido e satisfação em atividades fora do trabalho pois havia menos pressão e quando e se trabalhava menos horas. Mas esses dias, quando as pessoas não só tinham mais tempo, como eram menos cansadas, esses dias já eram.
Nós, profissionais de hoje, vivemos experiências muito diferentes. Estamos muito mais ocupados hoje do que jamais estiveram outros trabalhadores ao longo da história, trabalhando 60 a 80 horas por semana, cada vez mais pressionados, utilizando ferramentas como smartphones, tablets, e notebooks, que facilitam muito nossas vidas, mas nos levam a trabalhar em qualquer lugar e a qualquer hora, gostemos disso ou não. Se você colocar tudo isso junto, vai perceber rapidamente que se não gostar do que faz, você está no inferno profissional da nova era... quando você ocupa seus dias esperando um refresco no ritmo de trabalho para você dar um tempo. Sendo honesto, me deixe dizer uma coisa: Esse momento nunca virá.
Imagem: ronaldonezo.com
É um cliché, eu sei, mas também é uma verdade: A vida é muito curta. Não creio que nesse ‘novo mundo’, nós não temos que amar tudo o que fazemos. Eu não sou assim. Mas nós temos que encontrar felicidade e sentido no que fazemos profissionalmente. Cada um de nós é um. Habitamos o mesmo mundo, mas não vivemos no mesmo mundo. O mundo que eu vejo por meus olhos não é o mesmo mundo que você pelos seus. Somos seres únicos, cunhados por virtudes e experiências, e esses atributos nos colocam onde estamos. Levante a mão quem não passou pela experiência de ser contratado por pessoas que acreditavam precisar de alguém como nós, e assim que começamos a trabalhar, as mesmas pessoas percebem que ter alguém com nosso perfil não é uma ideia tão boa assim.
Por mais que haja anseio em ajudar, em produzir, o fato de você insistir em se encaixar na cultura da empresa, de fato, pode ser uma má ideia. O resultado aferido muitas das vezes é a frustração. Frustração para com sua vida e frustrou da empresa e das pessoas que conduziam a empresa. Se aceitam meu conselho, entre tentar se adequar à cultura de uma empresa e preservar suas virtudes e bem estar, por favor não pensem muito, vivam.
De fato não vejo nada de errado com quem abre mão do emprego, como também não vejo nada de errado com a empresa. Aristotélicamente, nós temos lugar certo para viver e, se o ambiente onde você está é opressivo, incomodo, amargo, você não pertence àquele ambiente. Quando você se pergunta se você ama o que faz, e sua resposta é um clamoroso ‘não’, você está vivendo o inferno profissional da nova era.
Já vi pessoas que passaram por isso, deram seu grito libertador, resolveram trabalhar com algo que lhes faça sentido... e vão muito bem obrigado. E você também pode fazer isso. Que tal negar a fórmula e viver a vida, só para variar.

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