UM PROFESSOR PARA MEUS FILHOS

Por Danilo Rizzo – Os chamados ‘conflitos de geração’ estão por aí, se dão em todas as esferas da relação social. Minha auto-avaliação, nesse aspecto, é sempre positiva e, via de regra, nada que os jovens com quem convivo me apresenta, causa repulsa. Um pouco de estranheza às vezes, mas normalmente muita curiosidade. E, por mais que eu não adote tal hábito ou tecnologia, respeito-a como parte de um mundo o qual não habito. Basicamente nessa história, o que realmente me preocupa é como a educação formal se encaixa nisso.
Sempre reclamei da escola, e sempre achei que os métodos que foram aplicados na minha educação eram arcaicos e não avaliavam nada. A perseguição pela nota, pela média. Tudo isso sempre soou superficial para mim. Não se avalia o valor de alguém só porque ele aprendeu logaritmos na escola. Construir um ser humano é mais sutil do que isso.
Meus filhos são pequenos, têm 9 e 2 anos. São serem humanos completamente diferentes de mim. E são diferentes porque qualquer pessoa que convive desde a infância com diferentes formas de tecnologia tende a desenvolver relações mais naturais com ela, seja na vida pessoal ou profissional. E isso não aconteceu comigo. Talvez a tecnologia mais avançada acessível quando eu tinha 9 anos, era a TV com controle remoto, ou o forno de micro-ondas. E essas tecnologias precisam estar presentes na escola na mesma proporção que estão na vida deles.
Imagem: linkedin.com
Eu quero um professor que proporcione isso aos meus filhos. Um professor inovador, que cultiva relações mais horizontais e menos autoritárias. Percebo que a maioria dos professores infelizmente ainda se apega à noção tradicional de 'transferência de conhecimentos, e isso me parece ineficaz. É preciso tentar novos formatos pedagógicos com suporte da tecnologia da comunicação e aprendizagem.
Eu quero um professor para os meus filhos que entenda que, além das fontes acadêmicas e formais para o aprendizado, meus filhos estão constantemente aprendendo em espaços informais. Que eles não podem ficar restritos ao que "deve" ser aprendido para serem aprovados. Se a internet permite que eles tenham outras opções, como aprender o que queiram, quando queiram, no lugar que queiram, a curiosidade dos meus filhos deve aumentar o escopo do currículo escolar. Por que meus filhos não podem participar da produção do conhecimento? Sei que é um grande desafio articular o conhecimento de maneira sistêmica, e grande parte dos professores é individualista e não generalista. Mas o processo de aprendizagem precisa ser mais dinâmico e motivante.
E por que não param de demonizar o Facebook, e o encaram como uma ferramenta útil a todos, que permite ao decente passar exercícios, vídeos, tirar dúvidas, marcar provas, trabalhos. Todo mundo tem um celular com acesso à internet. O que falta é pensar na utilidade desse recurso, e não bater de frente e proibir. Esses aparelhos celulares podem proporcionar situações de aprendizado. O modelo de que o professor é o único detentor da informação é falido. Entra no Google e esclareça sua dúvida, meu filho! 
Quero um professor para meus filhos que me ajude a transformá-los em profissionais satisfeitos. Para essa geração, massivamente, o objetivo do trabalho é a realização pessoal. E conquistas como “equilíbrio entre vida profissional e pessoal" e "fazer o que gosta e dá prazer", são mais relevantes do que salário. Esses jovens, que iniciaram suas carreiras profissionais nos últimos anos, buscam satisfação pessoal no trabalho. Sabiamente, eles entendem que dever e prazer devem estar associados. Eu os aplaudo.

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