A RETA FINAL

foto: epoca.globo.com
Por Gerson Moyses - Ontem encerrou-se o horário eleitoral, e os candidatos partem para a reta final rumo ao primeiro turno das eleições. E assim, grande parte do povo brasileiro fica na expectativa para saber quem serão os mais votados.
Bem, não deve haver surpresa na eleição para governador do Estado de São Paulo. As pesquisas apontam que essa eleição deverá ser decidida no dia 5 de outubro. Os candidatos da oposição, em nenhum momento, ameaçaram a liderança folgada de Alckmin.
Já a eleição para presidente da República só deverá ser decidida no segundo turno, e de maneira eletrizante! A trágica, inesperada e surpreendente morte do candidato do PSB causou enorme sobressalto na sociedade brasileira. Assim, num primeiro momento Marina Silva, que já tinha um patrimônio eleitoral consolidado com as manifestações de junho de 2013, foi beneficiada pela comoção nacional causada pelo desaparecimento de Campos. Ela tornou-se a ‘onda Marina’ que passou por cima de Aécio e que fez a água subir ‘até o pescoço’ de Dilma. Iniciou o horário eleitoral e imediatamente começaram os ferozes ataques à candidata do PSB. Aí ficou explicito o ‘vale-tudo’ que virou a campanha eleitoral. Fair play? Respeito à regras? Não! Tudo isso foi por água abaixo. Marina virou a ‘exterminadora do futuro’. Ela foi acusada de querer ‘tirar a comida da do prato dos pobres’, ‘deixar o trabalhador sem emprego’ e ‘acabar com a educação das crianças’ – e isso impactou imediatamente a classe ‘C’. Vale tudo para manter ou conquistar o poder! Então a comoção arrefeceu e as pauladas dadas pelo PT e do PSDB surtiram efeito: a onda recuou. (Ah, se Dilma vencer as eleições, ela tem que agradecer muito ao Aécio!).
Mas vamos recordar os desempenhos dos candidatos nas últimas pesquisas: Dilma conseguiu manter a primeira posição, ampliando as intenções de voto; Marina vem perdendo votos, mas dificilmente perde a segunda posição; e Aécio ganhou votos, mas praticamente sem possibilidades de chegar ao segundo turno. 
Uma possível explicação para essa evolução é a seguinte: com a real possibilidade de Marina vencer Dilma, muitos eleitores de Aécio (somados à parte dos que estavam indecisos) migraram para a candidata do PSB. Percebendo que o segundo turno estaria praticamente garantido, os eleitores do PSDB decidiram voltar para Aécio, ou seja, abandonaram o voto útil no PSB. Já os eleitores de baixa renda, amedrontados pela propaganda que mostrou Marina como a ‘destruidora do futuro’, migraram para Dilma. Na pesquisa Datafolha de 26/9/14, as intenções de voto eram as seguintes: Dilma com 40%, Marina com 27% e Aécio com 18%. Assim, o resultado do primeiro turno deve confirmar Dilma e Marina no próximo round da peleja.
Bem, e o segundo turno? Na mesma pesquisa de 26/9, Dilma aparece com 47% da intenções de voto e Marina com 43%, ou seja, um empate técnico, mas no limite extremo. Além disso, há 7% que dizem que votarão em branco ou nulo e 4% que se declaram indecisos.
Como o futuro é múltiplo e incerto, prefiro apresentar algumas incertezas e as hipóteses: 
  • Para qual candidatura migrarão os indecisos? Minha hipótese é a seguinte: considerando que a taxa de rejeição de Dilma é muito maior que a de Marina, a lógica é que a maioria deles vá para a candidata do PSB.
  • Para qual candidatura migrarão os eleitores de Aécio? Esses eleitores migrarão para Marina. Essa é minha hipótese.
  • A equidade dos tempos das candidatas no horário eleitoral será favorável à Marina? Minha hipótese é a seguinte: na campanha para o primeiro turno Dilma tinha cinco vezem mais tempo que Marina, e isso foi uma importante vantagem competitiva para o PT. No segundo turno os ataques continuarão com mais força. Com mais tempo Marina terá mais tempo para se defender e também para atacar.
  • O eleitor votará em quem está na frente nas pesquisas? Minha hipótese é a seguinte: sim, parte do eleitorado tem esse comportamento (que é chamado ‘bandwagon effect’). Parte do eleitorado acompanhará quem tem maior chance de vitória. Nesse momento Dilma leva vantagem.
  • Quem vencerá as eleições? É impossível afirmar, mas minha hipótese é que quem continuará chefiando o executivo será uma mulher!

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