HUMAN FACTOR, EPISÓDIO 10 - O NÚMERO DE WILLIANS

foto: tvaberta.tv.br
Por Danilo Rizzo – Não sei se vocês já ouviram falar do ‘número de Erdos’. Esse cálculo é uma homenagem prestada ao matemático húngaro Paul Erdos, que publicou cerca de 1500 artigos sobre matemática, em toda sua vida, boa parte deles em parceria. Essa ideia, esse cálculo pode e é aplicado noutros casos, como com o ator americano Kevin Bacon, a banda Black Sabbath, ou ainda em relação ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e, a vista de sua produção artística, penso que possa ser utilizado para definir o quão longe estamos de nosso personagem de hoje.
Robin Willians nasceu para mim em ‘Good Morning, Vietnam’ (Bom Dia, Vietnã - 1987), quando deu vida a Adrian Cronauer, o extrovertido radialista/professor de inglês enviado ao país asiático para comandar o programa de rádio das forças armadas estado-unidenses. A energia com que Willians interpretava, estereotipada pela forma como ele iniciava seu programa de rádio, me cativou imediatamente. Provavelmente o “gooooooooooood morning, Vietnam” de Robin Willians é um dos jargões mais famosos da história da sétima arte.
Depois veio ‘Dead Poets Society’ (Sociedade dos Poetas Mortos - 1989), e eu, com apenas 10 anos, não tinha a menor capacidade de absorver tudo o que é esse filme. Ainda assim, de alguma forma, o filme ficou registrado em minha memória, o que me forçou a assisti-lo outras vezes. Já adulto, cada vez que assisto as aulas do prof. John Keating, por sua complexidade, por suas camadas, e porque nós estamos em constante mudança, tenho uma experiência nova. “Oh Capitain, my capitain.”.  E é assim, exatamente assim, quando assisto ‘Awakenings’ (Tempo de Despertar – 1990), ‘The Fisher King’ (O Pescador de Ilusões – 1991), ‘Patch Adams’ (Patch Adams – 1998) e ‘What Dreams May Come’ (Amor Além da Vida – 1998). Também não posso esquecer outros dois filmes, que de fato não gosto tanto quanto os que citei. São eles ‘Insomnia’ (Insônia – 2002) e ‘One Hour Photo’ (Retratos de uma Obsessão – 2002), onde Robin Willians interpreta personagens sombrios e vilanescos, que demonstram o quão bom ator ele era.
Os mais atentos devem estar se perguntando por que ainda não citei ‘Good Will Hunting’ (Gênio Indomável – 1997)... e o motivo é bastante simples, esse filme foi lançado quando eu vivia o início da vida adulta, me atingiu num momento de mutação, de provação, de alto afirmação. Na época eu era calouro da faculdade de Direito, e durante algum tempo, tudo o que pude relacionar ao que entendi e absorvi do filme, eu relacionei. “Don’t whore about me. I know what I’m doing.”. E foi muito fácil me colocar no lugar de Will (Matt Damon), e portanto, tão fácil foi me apaixonar pelo psicólogo Sean Maguire, interpretado por Willians. Foi amor à primeira vista, pelo filme, pelos personagens, pelos atores, pela mensagem, pela filosofia, pela psicologia.


Robin Willians foi muito mais do que aquele comediante de stand up, peludo e frenético, e muito maior do que aquele fã de Monty Python que conseguia dar vida a personagens de uma forma impressionantemente autêntica e sincera. De fato, Robin Willians, gostem ou não, foi um grande ator, autêntico, não unânime aos críticos, mas quase uma unanimidade entre seus espectadores. E se pudéssemos criar o ‘número de Willians’, apesar dele ter trabalhado com muita gente, meu número em relação a ele seria alto, altíssimo. Agora, se mudarmos as regras, e considerarmos como critério a vida que foi afetada, muito ou pouco, por alguma das interpretações de Willians, mesmo sem tê-lo conhecido pessoalmente, provavelmente meu número seria 1.

Comentários