A CIVILIZAÇÃO DOS MIMADOS

foto: simplessentir.blogspot.com
Por Danilo Rizzo – O professor e filósofo Luiz Felipe Pondé, no vídeo que compartilharei no final desse texto, classifica a época em que vivemos como a civilização dos mimados, onde todos sentem-se ressentidos. “Nós queremos ser reconhecidos por valores que não temos, e pensamos merecer mais amor do que recebemos”, diz Pondé. 
Preciso dizer que concordo plenamente, efetivamente vivemos tempos em que os adultos são e querem ser tratados como crianças. E por um aspecto, no mínimo desonesto, nós tendemos a poupar as crianças, em criticas, em injurias físicas. Não estou fazendo apologia à violência ou a atos não civilizados, mas sou declaradamente favorável à sinceridade. Ela, a sinceridade, deixou a casta das virtudes e foi jogada ao obscuro universo dos defeitos de caráter pela civilização que atualmente habita os rincões desse planeta. Pondé diz também que não podemos escutar nenhuma crítica, sem acharmos que se trata de uma questão de ofensa pessoal. E quisera eu ganhar um níquel por cada vez que presencio uma reação alinhada a esse pensamento.
Tomo com exemplo, um fato de meu cotidiano. Resido na região metropolitana de São Paulo, e muito próximo à minha casa, há uma grande avenida, uma das maiores do bairro, onde, impreterivelmente, todo final de semana alguém se espatifa de carro ou moto, num poste ou árvore. Moro na mesma casa a cerca de sete anos, e sempre foi assim. É só transitar por aquela avenida num domingo pela manhã, para encontrar um ou mais coqueiros caídos, acompanhado de marcar de pneus adentrando o verdejante gramado no canteiro central da via. As discussões no bairro sempre concluem que o acidente não teve o condutor como culpado, mas sim a temível avenida, lugar inóspito, construído pela secretaria de obras do inferno, com sinuoso trajeto repleto de curvas cuja inclinação e angulação têm um único e promíscuo propósito: açoitar desavisados e sugar vidas humanas.
Uso esse via diariamente, para levar minha filha a escola, para ir ao trabalho, padaria, supermercado, ou para qualquer outra coisa que eu tenha que fazer usando carro. E vocês devem estar se perguntando quantas vezes eu passei por qualquer situação de perigo nessa via? Minha resposta é: NENHUMA. Sim, a incontável quantia de nenhuma vez. De fato, a avenida não tem o trajeto mais retilíneo, mas o bairro é cravado no topo de uma serra, e não há muito que se fazer a respeito. Também concordo que a angulação de algumas curvas são agressivas, e que a inclinação delas faz com que os carros tendam a sair do asfalto. Mas se essa é a realidade, meu bom senso me revela apenas duas saídas: trafegar na via com cuidado, ou não trafegar nela.
Mas eu lhes pergunto quais as soluções sugeridas pela massa acéfala de vizinhos? Vamos solicitar à prefeitura local que instale lombadas eletrônicas. Vamos solicitar à prefeitura local de construa lombadas a cada 200 metros de via. Mimados, sem pensar no custo dessas decisões, afrontam o poder público a resolver um deslize dos próprios cidadãos. Convido aos defensores das lombadas eletrônicas a conhecerem o custo de implantação e manutenção de um equipamento desses, e quantos leitos de hospital poderiam ser criados com a mesma verba, ou quão melhor seria o atendimento médico do pronto socorro local. Ou ainda, quão melhor seria a merenda dos alunos das escolas municipais.
Estou do lado dos que preferem que o poder público direcione as verbas municipais para o que tem maior relevância. Minha posição só mudaria caso ficasse provado para mim que tais assombrosos acidentes foram realmente causados pela má construção da avenida, e não pelo excesso de velocidade do condutor do veículo, ou pelo uso do whatsapps, twitter, facebook, etc, enquanto guiam, ou pela embriaguez, ou pelo estado de consciência alterado por drogas. E como os críticos não conseguem provar que os acidentes tiveram outras causas que não a imprudência, imperícia ou negligência dos motoristas, não vou mudar de opinião.
Prevejo que a critica que acabo de fazer será interpretada como ofensa pessoal por muitos de meus vizinhos de bairro, mas o que posso fazer se têm aversão à sinceridade, e uns mimados desde o berço. O que mais posso fazer...

Comentários

  1. Sugira a seus vizinhos uma petição para instalar limitadores de velocidade em todos os carros do município. Aposto que se todos rodarem a 20 km/h os acidentes acabam!

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