REI DOS CAMAROTES, MAS PLEBEU DA HUMANIDADE

foto: sonhosfactory.blogspot.com
Por Felipe Fernandes - Cada semana acontece algo de grotesco em nosso país, algo que supera sempre o “ruim” da semana anterior. Infelizmente, enquanto a Índia manda um novo foguete satélite para Marte, ou os impostos no Brasil são aumentados drasticamente, a nossa vanguardista revista VEJA, que “sempre lutou pela sociedade”, coloca como matéria principal, um determinado homem se intitulando “o Rei dos camarotes”.
Sinceramente gostaria de que se tratasse de uma brincadeira de algum programa de televisão, sob o risco de os meios de comunicação mais idôneos terem sua reputação destruída.
Com tantos problemas ocorrendo em nosso país, falta de segurança pública, saúde, educação... a matéria de destaque é um homem que diz como fazer uma balada ideal? E pior, uma balada que não atinge nem patamares de primeiro mundo. Partindo do ponto que o salário mínimo de um cidadão brasileiro, em regra, não chega a setecentos reais, torna-se ridícula a ideia de que devemos gastar de cinco a setenta mil em uma balada.
A revista, em uma época tão conturbada, apresenta um lixo de matéria aonde as frases de impacto são capitalistas e consumistas como:

· “Quando a pessoa está na pista ela é mais um, mas quando está no camarote fica em evidencia”

· “O importante é você ter pessoas da mídia no seu camarote... isso agrega tudo...”

· “Tem uma coisa mas acho pesado falar …eu já transei com mulher na balada (UHUUU)” (será que avó dele sabe que ele saiu de casa depois das 8:30 da noite?)

· “Se você não tem Instagram não é legal” 

O que mais chama a atenção não é a necessidade de uma pessoa aparecer e “ser gostada” pelo que é, mas pelo que tem, é o suplemento de algo preso, uma dor, uma fobia, uma não aceitação, que faz querer comprar tudo e a todos. Como se o dinheiro pudesse comprar a pessoa que ela não é.
O tal “Rei dos camarotes” diz agora estar chateado com a má repercussão de sua entrevista. Ora, se o conteúdo desta fosse algo sério, ou ainda de real interesse popular social, talvez a sua necessidade exacerbada de aceitação teria sido um pouco diminuída com o calor popular. Uma reportagem a qual demonstra que o legal é gastar um milhão e meio em um carro e cinquenta mil em uma festa, é uma reportagem matéria que gera um mal-estar social, gera uma inferiorizarão daquele que não tivera a oportunidade de nascer com muito dinheiro; quando na verdade muitas pessoas são muito mais felizes com muito menos.
Nada do que foi apresentado na reportagem foi ilegal ou feriu alguma parte do nosso ordenamento jurídico, mas será que não feriu a muitas pessoas que estão batalhando para ter o dinheiro no final do mês para pagar o aluguel, ou até mesmo para comprar comida para sua família? Será que essas pessoas de baixa renda não se sentirão ainda mais incapazes de serrem felizes, uma vez que a mídia vende que a felicidade está nas coisas caras?
Matéria lixo hoje em dia aparece até nas mais “conceituadas” revistas… isto é “STATUSSSSSS”.

Comentários