TEM PSB, PODE SER?

Por Danilo Rizzo – Nos últimos anos fomos apresentados a uma campanha publicitária da Pepsi, onde a proposta é experimentar algo novo. No caso, ao invés de beber o concorrente líder de mercado, a Coca Cola, a proposta é aceitar o refrigerante da Ambev, que relaciona a experiência de degustar uma lata do produto a algo excitante, extraordinário. Assim como na campanha publicitária do refrigerante, parece que seremos convidados a experimentar algo novo quando chegarmos às urnas em 2014.
foto: oglobo.globo.com
Creio que nem o mais bem informado dos articulistas políticos desse país podia prever tamanha reviravolta no cenário político futuro do Brasil. A fusão do quase partido REDE capitaneado por Marina Silva e o PSB do governador pernambucano Eduardo Campos ameaça, se é que já não desconstruiu uma polarização partidária ideológica que perdura desde o impeachment do então presidente Collor em 1992.
Marina Silva é conhecida de todos, foi candidata à Presidência da República em 2010. Daquela disputa, que restou na terceira colocação, deixou pelo menos para mim, uma ótima impressão, não suficiente para conquistar meu voto, mas para motivar que eu a entendesse melhor. Foi Senadora e Ministra do Meio Ambiente. Depois de cerca de 30 anos, em 2009, Marina deixa o PT e em sua despedida, impunha a bandeira da sustentabilidade:

“Não se trata mais de fazer embate dentro de um partido em que eu estava há cerca de 30 anos, mas o embate em favor do desenvolvimento sustentável.” Marina Silva, em 19 de agosto de 2009, após anunciar sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores.

Em 2010, já filiada ao Partido Verde, concorreu à Presidência da República e ‘sozinha’ seus quase 20 milhões de votos, muitos roubados de seus principais adversários, Dilma Rousseff e José Serra, definitivamente entrou no radar político do ‘Homer Simpson’ brasileiro. Após as eleições veio a desfiliação com o PV e a luta para criar a REDE, partido alicerçado na plataforma do desenvolvimento sustentável. A REDE não recebeu chancela para ser criada, o que a fez decidir por se filiar ao Partido Socialista Brasileiro, cuja maior expressão é Eduardo Campos.
Campos já foi deputado estadual e federal, ministro da ciência e tecnologia, e desde 2007 ocupa o cargo de governador do estado de Pernambuco. Desde que se tornou líder do PSB, ganhou notoriedade, em especial quando anunciou não apoiaria nem a situação nem a oposição nas próximas eleições presidenciais, mas sim, lançaria candidatura própria. Sei que o que vou falar irá fazer com que alguns torçam o nariz, e que pode me causar algum tipo de problema, mas, fato é que após o fenômeno Fernando Collor de Mello, pelo menos para o Homer Simpson brasileiro, qualquer político de pouca expressão e cuja base eleitoral é o nordeste, fica a sensação de déjà vu. Ideologias a parte, e parece que isso não pesa para o brasileiro na hora do voto como mostra uma recente pesquisa do Datafolha e publicada no site FolhaPolitica.org – clique aqui para ler o artigo – esta aliança Eduardo Campos/Marina Silva ou PSB/REDE deve desequilibrar a balança.
Como disse antes, nas eleições de 2010 Marina deixou boa impressão, tirou votos dos concorrentes mais fortes, e não vejo perda de prestígio desde então, e Campos, apesar de desconhecido para uma significativa massa de eleitores do Sudeste e Sul do país, goza de boa fama no Centro, Norte, e principalmente Nordeste. Como bem colocado pelo ACM Neto em entrevista, claro que a conta não deve ser tão fácil de fechar, somam-se os votos de um e de outro e pronto, mas esta aliança tem chamado a atenção dos eleitores cansados do bipartidarismo que ‘assola’ o país.
Parafraseando nosso egresso presidente do Supremo Tribunal Federal, não me sinto mais representado por partidos nem por políticos. Há tanta sujeira e tanto joguete para nublar a cena política brasileira que talvez o povo responda nas urnas optando por uma terceira via nem tanto por afinidade, mas em protesto contra os ‘donos do poder’. Mesmo sabendo que não será levado em consideração pelos babacas de plantão, não estou declarando meu voto à Presidente. A única coisa que sei é que não faz sentido para mim acreditar que há diferença na conduta, nas ideias e nos objetivos quando a fonte que injeta dinheiro num lado, é a mesma que injeta dinheiro do outro lado.

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