MILLENIALS, MÍDIAS SOCIAIS E A NOVA ORDEM MUNDIAL

Por Danilo Rizzo - Quando eu era mais jovem, fim da adolescência e início da vida adulta, uma das minhas maiores preocupações era o meu primeiro carro. Qual modelo, qual cor, que tipo de som e rodas esportivas eu instalaria nele. E me lembro que era assim para a maioria dos meus amigos e primos, o carro representava o ideal de liberdade para essas gerações, mas aparentemente, entre os jovens, essa fixação está com os dias contatos. Não é de hoje que a mentalidade das novas gerações tem abandonado a ideia de transportes individuais movidos a combustão e migrado para veículos de uso coletivo, ou individuais mas que utilizam fontes alternativas de energia. Essa conscientização se mostra cada vem mais presente e a cada ano iniciativas pessoais, privadas e públicas são apresentadas. E também já há data de celebração dessa mudança de cultura, de vida, o Dia Mundial Sem Carro que, não por coincidência, é celebrado hoje, 22 de setembro.
foto: blog.qualidadesimples.com.br
A cerca de uma nos atrás, a jornalista Amy Chozick do The New York Times, publicou um artigo que mostra que os jovens mudaram. Se importar com os outros e com o mundo em que vivem parece o grande lema dos jovens entre 18 e 24 anos, também superar antigos valores e necessidades de consumo que já não os convencem e, muito menos, os satisfazem. E nesse cenário, uma dessas mudanças está no modo como eles se relacionam com a mobilidade.
Segundo o artigo, hoje, com ruas congestionadas, doenças respiratórias e falta de espaço para as pessoas nas cidades, os jovens se deram conta de que isso não tem nada a ver com ser livre, e passaram a valorizar meios de transporte mais limpos e acessíveis, como bicicleta, ônibus e trajetos a pé. Tudo alinhado a inquietações quanto ao preço alto da gasolina e impactos ambientais. Ainda, o acesso fácil à internet, as redes sociais e mensagens de texto permitem que os adolescentes e jovens se conectem sem rodas. Ainda de acordo com o artigo, em uma pesquisa realizada com 3 mil consumidores nascidos entre 1981 e 2000, foi perguntado quais eram as suas marcas preferidas. O resultado mostrou que nenhuma marca de carro ficou entre as 10 mais lembradas, ficando bem abaixo de empresas como Google e Nike. Além disso, a mesma pesquisa mostrou que 46% dos motoristas de 18 a 24 anos preferem acesso à Internet a ter um carro.
Ao que parece, essa mudança é global e irreversível. Aqui no Brasil, de acordo com a pesquisa ‘O Sonho Brasileiro’ da agência Box1824, questionou milhares de jovens da geração conhecida como ‘millenials’ (nascidos entre 1981 e 2000) sobre sua relação com o país e suas expectativas para o futuro. As respostas mostram entusiasmo e vontade de transformação, especialmente frente aos desafios sociais e urbanos como falta de educação e integração. Outra pesquisa, dessa vez do Instituto Akatu em abril passado, apontou que, mesmo para os brasileiros que não utilizam carro no cotidiano, a opção é em favor da mobilidade em vez do veículo próprio: índice de 7,7 contra 5,3. E entre aqueles que usam carro no cotidiano, a diferença pela mobilidade é ainda maior: índices de 8,7 e 2,8.
foto: academiacriarte.com
Mais um sinal dos tempos é que, segundo dados do Ministério de Infraestruturas e Transporte da Itália, após 48 anos de domínio dos automóveis, em 2012 a venda de bicicletas superou a de veículos automotores. No ano passado foram vendidas aproximadamente 1,7 milhão de bicicletas em face de 1,4 milhão de carros. Ainda segundo dados do Ministério, o uso deste meio de transporte nos dias úteis triplicou desde 2001 quando os ciclistas urbanos eram apenas 2,9% da população adulta. Atualmente o número de usuários chegou a 9% da população, são 5 milhões de pessoas que usam a bicicleta de 3 a 4 vezes na semana. “As leis atuais serão revistas e considerando este cenário positivo é importante que os direitos e os deveres expressem com clareza também a necessidade para todas as categorias de usuários, e em particular para os ciclistas, de serem mais responsáveis e compartilhar as medidas de prevenção e segurança adotando acessórios e sistemas de sinalização", afirmou o vice-ministro de Infraestruturas e Transportes, Erasmo D'Angelis.
Irreversível? Não há dúvidas que reposta é sim. E eu, apaixonado por carros, me declaro absolutamente a favor de tudo isso. A tecnologia nos ajuda a manter contato, o acesso a computadores pessoais, tablets e smartphones é amplo, e a péssima qualidade de vida dos habitantes das grandes cidades, pautada em muito no tempo que passamos presos no trânsito... tudo colabora para a mudança de cultura e consciência.

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