HISTÓRIAS ANTIGAS SOBRE UM ASSUNTO ATUAL

Por Danilo Rizzo - Para quem vive nas grandes cidades o trânsito é um personagem presente em nosso dia-a-dia. Aqui em São Paulo/SP, há alguns anos algumas atitudes do poder público têm chamado a atenção em relação ao tema, dentre elas as campanhas de indução ao respeito pelos pedestre e ciclistas, e mais recentemente as mudanças para menos no limite de velocidade em grandes ruas e avenidas.
Em relação as primeiras, honestamente me envergonha a prefeitura ter de ameaçar punir com multa os que desrespeitam a faixa de pedestres e o espaço dos ciclistas. Essa atitudes deveriam emanar voluntariamente dos motoristas, mas infelizmente a educação e bom senso da maioria os limita. Já com relação a redução do limite de velocidade, me ponho a favor. Os críticos mais ferrenhos dizem que a cidade irá parar e que são ações para aumentar a quantidade de multas aplicadas que visam o enriquecimento do aparelho público, mas eu só vejo benefícios. É claro que as multas aumentaram em quantidade, mas apenas porque ainda há motoristas que teimam em desrespeitar os limites. Em contra partida, carros andando mais devagar economizam combustível e causam acidentes com menor potencial lesivo.
Mais recentemente ainda, o atual Prefeito paulistano passou a distribuir para todos os lados corredores de ônibus para agilizar a viagem de quem utiliza transporte público, e através do Secretário de Transportes, já anunciaram ainda mais corredores de transporte público em detrimento de quem utiliza carro. Novamente sou favorável pelo simples fato de privilegiar a maioria, em especial a população de renda mais baixa.
Ainda no tema, mas sobre outra ótica, escrevi faz algum tempo, dois rápidos artigos. Ambos foram publicados no meu outro blog, que vocês acessam clicando aqui. Abaixo estão as integras dos artigos.

Moro em Alphaville-SP desde 1994 e acompanhei muitas mudanças por aqui. Quando cheguei, tudo era muito calma, tranquilo até demais... as vias eram suficientes para o tráfego até então, não haviam semáforos, os cruzamentos eram rotatórias onde todos se respeitavam e os motoristas paravam para os pedestres atravessarem.
Novos tempos vieram e o bairro cresceu - muito - e as ruas e espaços, antes suficientes, agora não são... mesmo com as ações das prefeituras de Barueri e Santana de Parnaíba em alargar avenidas e criar novas alamedas onde antes era mato. Todavia uma característica  peculiar das cidades interioranas e também daqui de Alphaville, se mantinha... a ausência de semáforos. Haviam sim 2 ou 3 semáforos de pedestres em pontos estratégicos e só. Nos cruzamentos de vias reinava a liberdade das rotatórias.
Nos últimos anos trafegar por Alphaville/Tamboré virou tarefa difícil, já que as "livres" rotatórias se transformaram em campos de batalhas dada a absoluta falta de educação e civilidade do motorista médio brasileiro... e nos horários de pico, o cenário era feio... pois cada motorista entendia ter preferência na via e eram comuns os congestionamentos causados pelo bloqueio das rotatórias.
Desde o início dos problemas de trânsito do bairro, percebi que os governos municipais atuavam de alguma forma. As vezes assertiva  as vezes não, mas o poder público se fazia presente... a atitude mais correta na minha opinião, foi a instalação de semáforos em todos os cruzamentos/rotatórias do bairro... e hoje o que se vê é uma estrutura viária tipica de cidade grande... com semáforos, fiscalização do Ciretran e da Guarda Civil, etc.
Os moradores mais antigos do bairro e os saudosistas criticam a atitude, dizem o trânsito ficou ainda pior com os semáforos, mas percebo que para esses, o problema é o desenvolvimento do bairro, essa é a crítica... que aproximou da então tranquila região, todos os inconvenientes da metrópole. Honestamente isso também me incomoda já que o plano de vir morar aqui era justamente de fugir da loucura de São Paulo, mas já que a loucura chegou, sou a favor do que for preciso fazer para a manutenção da ordem.
A adoção de semáforos é uma questão de disciplina... justamente o que falta em boa parte dos motoristas brasileiros... e é papel do poder público nos disciplinar na matéria que for já que infelizmente ainda não conseguimos viver de forma educada, civilizada e altruísta.
Estive na Itália em 2010 e o que vi por lá me fez refletir sobre quão baixo é o senso de civilidade de nós brasileiros. Por lá não há semáforos para pedestres, eles simplesmente põem o pé na faixa e o motorista, atento e educado, para seu carro para garantir uma travessia segura. Por aqui, isso é preciso ser passível de punição e multa para que aconteça.
Que venham os semáforos e as multas e assim como aconteceu com o uso do cinto de segurança, uma hora a imposição legal vira hábito... e nós seguimos lentamente rumo a um nível de civilidade mínimo para contribuirmos com a evolução sustentável do país.

Aproveitei a semana entre o natal e o ano novo para colocar algumas coisas em ordem e passear um pouco, afinal não iria trabalhar mesmo... e percebi que com a cidade mais vazia, cresce a imprudência e a desatenção de quem dirige, caminha e pedala em São Paulo, pois em menos de 24hs, presenciei duas cenas que fomentam meu discurso acima.
Primeiro, passeando com minha família trafegando pela Av. Gastão Vidigal (Zona Oeste de SP), presenciei um atropelamento... no caso uma senhora de aproximadamente 50 anos que, vendo o trânsito parado, apesar do semáforo verde para os carros, resolveu atravessar serpenteando por entre os veículos e ignorando os corredores de moto, foi colhida por um Chevrolet Montana que transitava na faixa da direita, cujo condutor nada pode fazer. Cabe informar que esta senhora atravessou a cerca de 15 metros da faixa de pedestres.
No dia seguinte, em Alphaville (Barueri/SP), outro acidente. O trânsito parou para que uma idosa atravessasse na faixa e um motociclista ignorou a todos, aumentando sua velocidade no "corredor" e próximo a faixa de pedestres, para não atingir a senhora que atravessava, jogou-se contra o asfalto e a guia do meio-fio, machucando levemente braços e pernas.
Em ambos os casos que presenciei, me chamou a atenção a falta de educação civil (civilidade) das pessoas e o que a imprudência consequente causou ou quase causou. Atravessar em meio aos carros numa via onde não há passarelas ou faixas de pedestre é algo que requer extremo cuidado e atenção, e quando a via tem tais zonas de proteção, o ato torna-se burrice, falta de educação e civilidade. Da mesma forma que ignorar os sinais, ações e comportamentos de quem divide consigo as faixas de rolamento da via. É possível evitar inúmeros acidentes de trânsito meramente aplicando-se alguns princípios básicos de direção defensiva... que aprende-se nas auto-escolas... nos cursos de formação de condutores (CFCs).
Sem contar a tentativa que custa a "pegar" aqui em São Paulo de dar-se prioridade aos pedestres. Quando se é pedestre, tentamos atravessar uma rua, mesmo na faixa sem semáforo, somos quase atingidos varias vezes até alguém parar e quando somos motoristas, nossos netos são agraciados com palavras de baixo nível proferidas por outros motoristas, simplesmente por pararmos antes da faixa para dar passagem a um pedestre.
Conheço lugares mesmo aqui no Brasil que respeito e civilidade no trânsito funcionam e me pergunto em quanto tempo o resto do país atingirá tais níveis. Na Inglaterra, por exemplo, existem mais de 35 milhões de carros e apenas 3.000 mortes/ano em acidentes de trânsito. Impressionante!!! Será que chegaremos a isso??? E se chegarmos, qual será o número de mortos no trânsito de países desenvolvidos??? 1/4 do que é hoje??? Ainda assim estaremos longe dos padrões mínimos para um país educado, civilizado. É por essas e outras que as vezes penso em abandonar a caravela tupiniquim. C'est la vie...

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