DESENVOLVIMENTO HUMANO: ESTAMOS AVANÇANDO?

Por Gerson Moyses
Recentemente foi divulgada a atualização do IDH-M (índice de desenvolvimento humano dos municípios), com base nos dados do Censo 2010. Foram percebidos avanços, de 47% nos últimos 20 anos, de acordo com o PNUD. Mas receio que o quadro pode não ser tão positivo assim.

fonte: hariovaldo.com.br

Apesar dos avanços econômicos e sociais conquistados nas últimas décadas, ainda estamos muito longe de ter índices de desenvolvimento humano aceitáveis para todos. A qualidade de vida do brasileiro continua muito ruim, principalmente para a chamada ‘nova classe média’. As classes que sempre foram marginalizadas continuam sem acesso à educação, saúde, segurança, transporte, cultura, saneamento básico de qualidade. E os governos não têm condições de atender a essas demandas, com a urgência que vem sendo exigidas pela população e violentamente explicitadas nas recentes manifestações de junho.
Veja o problema: o modelo de crescimento da década passada foi baseado principalmente na expansão do crédito, no crescimento do mercado interno e no consumo individual. Concordo que milhões de pessoas que nunca tiveram acesso a bens e serviços, tiveram a oportunidade de fazer parte desse mercado e consumir. Porém, essa política gerou uma bolha de consumo, que ao que tudo indica, está chegando ao fim. E agora, essa massa de pessoas não aceitará voltar à condição anterior. E o pior, criou-se uma cultura de que tudo pode ser conquistado rapidamente. Num passado não muito distante havia a necessidade de investimento de tempo e recursos para que fossem colhidos os resultados consistentes. Hoje se tem a falsa certeza de que tudo se resolve com um ‘passe de mágica’. Veja uma frase do Renato Russo: “Às vezes parecia que era só improvisar e o mundo então seria um livro aberto. Até chegar o dia em que tentamos ter demais, vendendo fácil o que não tinha preço...”. É pura ilusão.
As políticas e as ações para estímulo da economia tiveram por objetivo colher resultados (principalmente políticos) de curtíssimo prazo. E com o fim da ‘festa’ vem a ‘ressaca’. E mais, os problemas que foram negligenciados são de difícil solução. Os governos não conseguem dar uma resposta rápida e satisfatória à Nação. A real solução desses problemas exige competência, capacidade técnica e gestão, além de demandar a cultura do planejamento de médio e longo prazo. Ao optar pelo caminho mais fácil, abandonamos uma das maiores oportunidades de inaugurar um ciclo de desenvolvimento sustentável e de logo prazo, e de realmente melhorar os índices de desenvolvimento humano do País.

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