BÔNUS DEMOGRÁFICO: APROVEITAREMOS ESSA JANELA DE OPORTUNIDADE?

Por Gerson Moyses - O envelhecimento da população brasileira já é uma tendência irreversível. Segundo o IBGE o Brasil já está no grupo dos dez países com mais idosos em todo o mundo, e dentro de alguns anos o número de pessoas com mais de 60 anos deve aumentar significativamente (em 2025 será o 6º país com maior número de velhos). Isso é consequência de diversos fatores, como a melhoria das condições sanitárias, os avanços na área da saúde, e a possibilidade de acesso a bens e serviços.
foto: scielo.br
Para compor o quadro demográfico que comecei a desenhar no início do artigo, agrego outro importante elemento: a taxa de fecundidade das mulheres teve uma drástica redução nas últimas décadas, o que vem provocando a redução do número de crianças e jovens. Essa inflexão demográfica teve início nos anos 70, e a combinação de aumento da expectativa de vida da população com baixa taxa de natalidade já provoca um fenômeno chamado ‘transição demográfica’ ou ‘bônus demográfico’.
O ‘bônus demográfico’ compreende um período de tempo em que o número de pessoas em idade para trabalhar, no total da população, atingirá seu valor máximo. Esse fenômeno já ocorreu em alguns países, principalmente da Europa. E o resultado é a inversão da pirâmide demográfica com a qual convivíamos num passado recente. Há autores que afirmam que o bônus demográfico teve início em meados da década de 1970 e que deve terminar em 2025, aproximadamente. Outros dizem que ele teve início nos anos 80 terminará por volta de 2040. 
Tão ou mais importante que saber quando ele termina, é saber como aproveitar essa ‘janela de oportunidade’, já que o bônus demográfico é passageiro. O futuro nos reserva incertezas, mas há cenários muito prováveis, e que podem se materializar em oportunidades e ameaças. Vejamos algumas delas:
  • Com o maior número de pessoas idosas fora do mercado de trabalho e com um número cada vez menor de pessoas em idade produtiva, a previdência social deverá ter problemas de sustentabilidade, como resultado do desequilíbrio entre quem paga e quem recebe. É pura aritmética. 
  • Os serviços consumidos por crianças e jovens devem sofrer com a falta de demanda. Um exemplo é a educação de níveis fundamental e médio. Porém, a oportunidade desse cenário é a melhoria da qualidade, já que as grandes escalas devem diminuir. E essa melhoria da qualidade é a principal ação deliberada que os governos podem tomar.
  • Os serviços consumidos por idosos, como os relacionados à saúde, bem-estar, turismo e lazer, devem se beneficiar com o aumento da demanda. Aí estão algumas das futuras oportunidades de formação e de atuação profissional.
Só o fato de haver o maior número possível de pessoas em idade produtiva trabalhando e consumindo, há um incremento no PIB. Porém, apenas isso não basta, pois é um ganho apenas para o presente – há que diga que o crescimento econômico dos últimos anos é explicado mais pela contribuição dessa transição demográfica, do que pela ação dos governos federais. No momento em que a população em idade produtiva sofrer redução, o crescimento econômico também deve reduzir. Por isso, é importante aumentar a eficiência e a produtividade dos trabalhadores, e inovar. Só assim teremos chance de aquecer a economia. E isso só será possível com uma educação de qualidade (e não apenas de quantidade, como temos hoje). Para concluir pergunto: ficaremos ricos antes de ficarmos velhos? Essa é a questão mais importante.

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