VEM CÁ, EU TE CONHEÇO?

Por Danilo Rizzo - Sou da geração que experimentou dois mundos, pré e pós internet. Tive datilografia como matéria no ensino fundamental, consultava a Enciclopédia Barsa, sempre ouvia dos mais velhos que quem detém informação, detém poder, e que as pessoas mais admiráveis são eram ecléticos, generalistas que podia falar sobre tudo. Já na faculdade, pesquisava ainda em livros, mas muito conteúdo já estava na internet, fóruns de discussão via web, minha última pós graduação foi feita a distância, numa instituição de ensino de Brasília, e eu moro em São Paulo. Parece que tudo mudou, e aquele conceito de conhecimento generalista deu lugar aos supertécnicos, que conhecem a fundo assuntos específicos. Profissionais capazes de enriquecer uma companhia, mas que não sabem qual é a capital da Itália. Até comentei um pouco dessa minha aflição no artigo Homer Simpson, o Brasileiro Médio
Se a ideia de sermos generalistas foi para o espaço, o que dirá a ideia de que quem tem a informação tem o poder. Hoje só um organismo detém a informação, a internet. Se você tem um colega de trabalho que diz conhecer mais do assunto que você, balela, o que ele sabe está disponível na web. Claro que há uma exceção ou outra, mas para 99% de nós, vale a regra de que tudo o que precisamos saber está na internet. Vale e vale muito. 
foto: educacaonaempresa.blogspot.com
A par e passo com mudança imposta pela internet nas últimas décadas, veio a tona a Gestão do Conhecimento – do inglês Knowledge Management – para servir de contra ponto àqueles que pensam que detém a informação ou conhecimento. Como escreveu Georg van Krogh, a gestão do conhecimento está ligada a várias disciplinas, entre as quais, a gestão estratégica, a teoria das organizações, os sistemas de informação, a gestão da tecnologia e inovação, o marketing, a economia, a psicologia, a sociologia, etc. Em linhas gerais, a gestão do conhecimento busca a melhoria de desempenho das organizações através de condições organizacionais favoráveis, processos de localização, extração, partilha e criação de conhecimento, assim como através das ferramentas e tecnologias de informação e comunicação. Ainda possui o objetivo de controlar, facilitar o acesso e manter um gerenciamento integrado sobre as informações em seus diversos meios. Entende-se por conhecimento a informação interpretada, ou seja, o que cada informação significa e que impactos no meio cada informação pode causar de modo que a informação possa ser utilizada para importantes ações e tomadas de decisões. 
Essa gestão do conhecimento hoje já está, digamos, numa 2ª versão, com a evolução da gestão do conteúdo (conhecimento por escrito) dividindo-se o conhecimento no que se sabe (gestão do contexto), no que se diz (gestão da narrativa), e no que se escreve (gestão do conteúdo). Pode pareceu que não, mas na medida em que nos aprofundamos um pouco na informação, notamos claramente essas três faces da informação. Para não alongar demais o artigo, não vou detalhar as gestões do contexto, da narrativa e do conteúdo, procurem no Google. 
Vimos que a gestão do conhecimento, na primeira e na segunda versão, se avizinha sempre do mundo corporativo, onde concordo que mais vale ser um especialista que um generalista, até porque penso que conhecimento também se adquire com o tempo. Logo é questão de tempo nos tornarmos especialistas com bom conhecimento geral. Mas ainda me pergunto se para nossa vida pessoal, não seria interessante conhecermos um pouco de tudo. E por enquanto, minha resposta é que sim, é interessante. Principalmente porque hoje toda informação está disponível e não precisamos nos debruçar sobre os tomos gigantes das jurássicas enciclopédias.
Sou um compulsivo consumidor de informações. Na internet leio artigos, assisto vídeos, e atualmente estou lendo três livros, um romance, um documentário sobre a 2ª Guerra Mundial, e um sobre estudos da cognição humana. Outra fonte de conhecimento que adoro é o rádio. Diferente dos livros, é possível consumir o rádio no carro, no trânsito, enquanto fazemos exercício, nos ajuda a aproveitar o tempo. E nessa linha, das mídias de áudio, me foi apresentado por um grande amigo, um negócio chamado podcast, que nada mais é que um arquivo de áudio, como um programa de rádio, mas que usa a internet como veículo de divulgação. E especialmente um deles me cativou de pronto, o Nerdcast. Pense naquele encontro de amigos no melhor estilo ‘papo de bar’, é assim que os nerds, blogueiros e podcasters Alexandre Ottoni e Deive Pazos desenvolvem esse podcast. Absolutamente todo tipo de assunto é abordado por esses caras, desde as guerras mais importantes da história, aos assuntos mais atuais de tecnologia, passando por assuntos cotidianos, entrevistas, filmes, livros, viagens, etc, de forma relativamente superficial, não penso que sirva como fonte única daquela informação, mas é um bom começo. Mas sempre no clima ‘papo de bar’, inundado pelas impressões e experiências pessoais de seus integrantes. Muito divertido, instrutivo, ou como eles mesmo dizem, um podcast megaboga.

Comentários

  1. Não sei se é importante o conhecimento mas é gostoso saber. Qual o tempo de duraçao da especialização, ela tb terá um fim, o que vem depois não sei, talvez a internet saiba.

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  2. Danilo.

    Gostei do artigo mass com ressalvas. Não acho que o que é importante está na web e muito menos que ela vai substituir a barsa. Afirmo isso sabendo que você não afirmou o contrário.
    Faço essa colocação porque acredito que tem muita informação lá na web, mas informação não serve de nada se não soubermos o que fazer com ela.
    Conheço muitas e muitas pessoas que devoram livros, sites, podcasts sobre administração, recursos humanos e ciências sociais mas é incapaz de fazer qualquer trabalho em equipe, justamente porque não sabe ao certo se relacionar. A web pode ter toda a informação do universo sobre relacionamento humano, mas fazer um ser vivo compreender como executar isso na prática, é outra conversa?
    Isso sem citar a superficialidade do que se sabe. Todo mundo sabe que existe a Itália, já viu fotos, conhece os políticos escandalosos, mas saber o nome da capital.....profundo demais isso :-)

    E mais um absurdo, aqui na web para publicar este texto, tenho que provar que não sou um robô :-)

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    1. Concordo plenamente, tão importante quanto deter conhecimento é saber aplicá-lo. Espero brevemente publicar um novo artigo sobre o tema para divagar sobre a saída desse processo e como o que aprendemos pode fazer nossa vida melhor.

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