MÚSICA E HISTÓRIA, EPISÓDIO 3 – SATER, TEIXEIRA, E O SEGREDO DE TUDO

Por Danilo Rizzo 
Lanço uma pergunta a todos vocês: Como seria nossa vida sem a música? Difícil de responder, não é? Eu confesso que não consigo imaginar. A música preenche um espaço aparentemente feito só para ela. Outra pergunta: Quantos de vocês são capazes de, em 1 segundo, dizer qual a canção preferida? Também não é fácil de responder, são tantas músicas, tantos talentos, tantos sentimentos. Mas eu acho que eu tenho a minha resposta. 
Meu avô paterno, Sr. Oswaldo Rizzo, nasceu no interior de São Paulo, mais precisamente numa cidadezinha no centro do estado chamada Itapuí. Eu convivi muito com esse meu avô, ele era marceneiro e tenho infinitas lembranças de minhas brincadeiras em sua oficina, em meio a pregos, parafusos, serrotes, martelos, e madeira, muita madeira. E além daquele cheiro típico de madeira cortada, outra coisa me traz lembranças do convívio com meu avô, música caipira. 
Ouvia de tudo enquanto ‘ajudava’ meu avô em seu ofício, Tião Carreiro e Pardinho, Milionário e José Rico, Pena Branca e Xavantinho, Tonico e Tinoco, Irmãs Galvão, Sergio Reis, etc. e etc. Com ele, conheci dois cantores que mexeram comigo mais que os outros que citeim, seus nomes, Renato Teixeira e Almir Sater. Naquele época, fim dos anos 80 e início dos 90, Renato já era um hit maker e autor de vários temas de programas televisivos. Sater também já tinha robusta carreira de autor e interprete, e se aventurava como ator, mais precisamente na novela Pantanal, da extinta Rede Manchete. E por que eles mexeram mais comigo que os demais, igualmente talentosos. Pois bem, Renato e Almir são os autores de Tocando em Frente. Essa música, de letra simples, de melodia calma, gravada e regravada por 10 entre 10 cantores sertanejos e de MPB, é a razão de tudo.


Não me recordo quando a ouvi pela primeira vez, se foi com meu avô, se eu estava só, se estava em casa ou em alguma das inúmeras viagens que fiz pelo interior de São Paulo, mas sua letra se fixou em minha mente como se esculpida numa pedra, como se fosse um mantra, um mantra caipira. Mais sentido ela fez para mim quando a cerca de 15 anos, decidi seguir a doutrina espírita. Ela indicava de forma amainada o que todos devemos ser, fazer, pensar, sentir. E ainda mais sentido ela fez quando ouvi dos próprios autores como ela foi escrita, em poucos minutos, despretensiosamente, ou como diz Almir Sater no vídeo que acompanha essa postagem, feita com ajuda de alguns amigos do outro mundo, ‘ela foi psicografada’, segundo ele. Essa canção, esse mantra, essa mensagem espírita, é com certeza a minha música preferida. Me ajuda a olhar para as coisas de outra forma, mais simples, mais serena, me emociona, sempre, me faz lembrar meu ‘vô Vado’, me purifica, me devolve a calma. Também me faz lembrar um preceito primordial na doutrina espírita, de que somos espíritos e estamos seres humanos, me lembra que estamos aqui só de passagem, mas que estamos aqui para aprender, e que nós somos nosso próprio caminho, que precisamos amar, que precisamos fazer o bem para colher o bem, que precisamos valorizar esse presente chamado vida.
Como disse no início, a música ocupa um espaço só dela em nossas vidas. Cada um de vocês deve sentir ouvindo outras canções, o mesmo que eu sinto quando ouço Tocando em Frente. E como explicar isso? Eu não sei explicar como algumas palavras ritmadas numa melodia de pouco mais de 2 minutos são capazes de provocar tudo isso em mim. Eu simplesmente não sei. Sei apenas que devagarzinho, vou tocando em frente.

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