PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE... FELICIANO

Por Danilo Rizzo - A vida política brasileira, assim como a de qualquer nação, não é habitat tranquilo, mas confesso que não me lembro de fato semelhante em nossa história republicana. Fato é que desde março desse ano, a língua portuguesa ganhou um sinônimo para o vocábulo polêmica.
Ao pensar em criar esse blog, coloquei como premissa básica um princípio que nasceu na Grécia antiga junto aos mais remotos conceitos de democracia, a liberdade de expressão, bem definida como o direito de manifestar livremente opiniões, ideias e pensamentos.
fonte: osopositores.blogspot.com
Quando Marco Feliciano e seus dizeres tomaram de assalto os noticiários, reagi creio que como a maioria, me senti ofendido e solidário aos que se sentiram agredidos pelo conservadorismo cristão embandeirado pelo nobre Deputado. Mas como de costume, dei um passo atrás e tentei olhar a situação de forma mais ampla, vi o ‘agressor’ sendo agredido, e vi que temos uma dificuldade irracional e intransponível de aceitar que os outros pensem diferente de nós.
Antes que pensem, não faço coro ao que Marco Feliciano diz e entendo que se o que ele diz caracteriza crime, que responda por suas falácias. Mas assim como os que reagiram aos discursos, ele apenas se expressa, claramente de forma dissonante da maioria, mas simples assim, apenas está exercendo seu direito de liberdade de expressão. E diria mais, hoje como Deputado Federal, ele representa 212 mil eleitores que confiaram seu voto a ele, e que, creio, partilham dos mesmos pensamentos.
Especial nessa celeuma toda é que Feliciano é Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM) dos Deputados do Brasil, portanto é o representante mor de qualquer grupo minoritário organizado nesse país. Ele mesmo pertence a uma minoria já que é evangélico, e por suas convicções, é oprimido pela maioria. Nada mais clichê.
Por falar na CDHM, ainda enquanto assistia de longe às manifestações em relação a Feliciano, me peguei pensando qual seria o perfil do Deputado que eu gostaria de ver como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Vocês apoiariam um jovem (40 anos), com notória vida religiosa e autor de 18 livros cristãos e de autoajuda? Confesso que provavelmente eu apoiaria.
Volto a dizer que penso de forma rigorosamente oposta à do nobre Deputado, mas não podemos condená-lo por ter convicções diferentes das nossas. Nunca na história houve uma unanimidade, e das várias tentativas de unificação de ideias, nenhuma perdurou e de todas elas resultou derramamento de sangue cuja ferida ainda dói, haja vista o nazismo, o fascismo, o comunismo, o socialismo, o islã, etc. Esse é um dos preços da democracia e penso que vale a pena pagar, senão, caso alguém ou alguns tentem impor suas convicções, o resultado não será diferente das tentativas anteriores.

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