O COMUNISTA, O PALHAÇO E A BUNGA-BUNGA

"Recitar!... mentre preso dal delirio
non so più quel che dico
e quel che faccio!
“Ridi, Pagliaccio,
sul tuo amore infranto.
Ridi del duol che t'avvelena il cor.”

Por Danilo Rizzo - A Itália joga na retranca até nas eleições parlamentares e o resultado foi que o pleito dos mês passado terminou empatado. [What!] Lá, para se tornar o novo Premier é preciso que o partido/bloco/aliança obtenha o controle de ambas as Casas legislativas. Porém o bloco de centro-esquerda liderado por Pierluigi Bersani ganhou a Câmara dos Deputados, mas não obteve maioria no Senado. A frente de centro-direita liderada pelo ex-premiê Silvio Berlusconi [aquele mesmo!] obteve mais votos no Senado do que qualquer outra agremiação política. O bloco coordenado pelo atual premiê, Mario Monti, obteve uma longínqua quarta colocação, com 10% dos votos.

fonte: pt.euronews.com

Ok, Bersani foi o 1º, Silvio bunga-bunga foi o 2º e o atual Premier foi o 4º, quem foi o 3º? A resposta é simples, foi um palhaço. Não estou sendo agressive ou mal educado, o ex-comediante Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, obteve nada menos que ¼ dos votos. 

Grillo não tem currículo de político, e honestamente não vejo mal nisso, afinal, tudo tem um começo, mas o que me preocupa pessoalmente nesse candidato é o discurso. Beppe Grillo se auto proclama um delinquente que jamais pensou em ser primeiro ministro da Itália, e entende que o principal objetivo do M5E é colocar os cidadãos comuns, de bem, dentro do Parlamento, combater o ‘político profissional’. 

Em principio trata-se de um discurso cativante, mas explorando um pouco mais, o romantismo se transforma em alerta, isso porque aliada ao discurso vem as ideias de monopartidarismo, nacionalismo e socialismo. E eu não fui o primeiro a relacionar o discurso e a ascensão do M5E às ideias fascistas do partido socialista pós 1ª Guerra Mundial, tão pouco fui eu quem divulgou as fotos de Grillo fardado e fazendo a celebre saudação fascista com o braço direito erguido. 

Vejam, na Itália o ambiente do período entre guerras não era nada positivo. O país foi ignorada nos tratados que selaram a 1ª Guerra. O desgaste social e econômico mal recompensado mobilizou diferentes grupos políticos engajados na resolução dos problemas da nação italiana, a greve geral de 1920 de mais de dois milhões de trabalhadores demonstrava a situação caótica vivida no país e no campo, os grupos camponeses sulistas exigiam a realização de uma reforma agrária. Reflexo disso, possibilidade revolucionária em solo italiano culminou na ascensão dos partidos socialista e comunista. 

Voltando a 2013, Bersani, o vitorioso, tem em sua base o Partido Comunista, e Grillo, o 3º, proclama discursos nacionalistas e fascistas, e não preciso contextualizar a atual crise econômica e institucional da Itália, perturbadoramente parecida com a vivida no início do século passado. 

Meu veredicto? Fodeu! A política italiana se resume a um quadrado formado pelo front comunista, pelos fascistas contemporâneos, pelos austeros reacionários, e pela bunga-bunga.

“Ridi, Pagliaccio,
sul tuo amore infranto.
Ridi del duol che t'avvelena il cor.”

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