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Foto: hollywoodreporter.com |
Ele se aposentou, por escolha própria, na última quarta-feira, depois de 33 anos de carreira. Li algumas crônicas sobre sua aposentadoria, e em sua maioria, textos respeitosos que elevam David ao patamar que entendo que ele merece estar. “Fim de uma era” alguns escreveram, “O último dos titãs” disseram outros. Li, das mais variadas formas, que Letterman reinventou o talk show, mas eu não sei, não sou crítico como meu primo @sergiorizzo, portanto vou manter-me na confortável posição de telespectador, reverenciando-o como um fanboy.
Outra reverência é que o show serviu sempre como uma janela para os Estados Unidos. Letterman tem ritmo e humor tipicamente americanos, e eu gosto disso. Acidez, cinismo e ironia regados por uma incontinente veia politicamente incorreta, construíram programas memoráveis, entrevistas brilhantes, quadros hilários, e épicas performances musicais e stand up comedy. Biff Henderson, Paul Schaffer, Rupper Jee, David usando meias brancas com terno... tudo muito americano.
David foi homenageado diversas vezes, de diversas formas nas últimas semanas. O último programa foi puro, emotivo, não houve destaque maior do que ele mesmo... Ao melhor estilo “estou me aposentando e a estrela sou eu”. Nem mesmo o pronunciamento do atual e dos ex presidentes americanos no início do show ofuscaram Letterman. Confesso que por vezes me surpreendi com a humildade com que David se referia a tudo e a todos. Talvez uma humildade forçada, ou talvez uma humildade cultivada durante 68 anos de vida e aflorada após seu infarto, e pelo nascimento de seu único filho, Harry, que pelas próprias palavras de David, é o que lhe importa agora. Impossível não notar a mudança de feição quando Letterman falou e acenou para seu filho, na plateia... Cara de pai bobo. Por trás de um irretocável profissionalismo, senti sinceridade em tudo o que ele disse. No último dia em cena, ele conseguiu reunir estrelas de primeira grandeza, pessoalmente, para lhe falar o que gostariam, mas nunca puderam, e isso foi hilário. Trouxe a público uma história pessoal e comovente entre ele e a banda Foo Fighters, última atração do show sob o comando de Letterman. Talvez por tudo isso, eu tenha sentido sinceridade nas palavras dele. O último show foi o mais humano de todos.
Para mim, David Letterman é icônico. Ajudou sobremaneira a construir o americanóide que sou. Ele parou no topo, como manda a cartilha. Sentirei saudades das risadas, as minhas e as dele, dos top 10 sem sentido, e do emblemático “Thank you and good night”.
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