Por Danilo Rizzo – Muitos que convivem comigo se incomodam com as opiniões que tenho sobre o Brasil, a ponto de já ter sido convidado a me retirar do país por alguns que se auto intitulam nacionalistas. Meu incomodo também é flagrante àqueles que acompanham esse blog, e tento aqui expor da forma mais clara o que penso, não com a intenção de convencer, mas de explicar para mantermos um diálogo salutar. E como acabo de regressar de uma viagem ao exterior, sinto que é hora de trocar novamente no assunto.
Tive a oportunidade de visitar os Estados Unidos algumas vezes durante minha adolescência e inicio de vida adulta. Eram outros tempos, o mundo não era o que é hoje, a globalização eram uma tendência, e o Brasil vivia sua lua de mel com uma moeda estável. As informações mais consistentes que podíamos ter eram contadas por quem acabara de voltar de lá, ou seja, carregada de impressões e frustrações pessoais. Porém a visita de agora foi, aos meus olhos, completamente diferente. A televisão – principalmente a tv paga – nos serve de informações preciosas, a internet é o que é, e podemos viver a viagem sem ainda ter realmente ido. Hoje é muito mais simples planejar, e por consequência, o risco de uma surpresa cai drasticamente.
Foram 12 dias na região de Orlando e literalmente não tive nenhuma surpresa, o protocolo de retirada do carro alugado e o check-in do hotel seguiram o roteiro explicado nos respectivos sites, assim como os parques e atrações, tudo irritantemente limpo, organizado, sinalizado e no horário. O efeito surpresa das outras visitas definitivamente não fez parte dessa viagem. Minha filha de 8 anos sabia precisamente quais atrações queria ver e quais princesas ele poderia tirar foto e pegar autógrafo. Simples assim, sem surpresas ou contratempos. Não que isso seja ruim, muito pelo contrário, é um alívio. Mas a falta do ‘elemento surpresa’ das viagens na década de 1990 me fizeram constatar o que faz de um país como aquele ser diferente do Brasil, onde está a real diferença.
Em meados de dezembro do ano passado, um artigo atribuído a um cidadão estadunidense me chamou a atenção. O autor, não identificado em nenhum dos sites que eu pesquisei, seria casado com uma brasileira e supostamente morou na cidade de São Paulo por 3 anos, e dessa passagem por terras tupiniquim, restaram 20 impressões o Brasil. Não vou transcrever completamente a lista para não transformar o artigo num discurso fidelista, mas caso queiram conhece-la, cliquem aqui. No texto, item após item, fica explicito como somos atrasados dos países desenvolvidos, e como o desenvolvimento humano, ou a falta dele, é o que nos segura, nos ancora. Preciso destacar alguns pequenos trechos desse texto, o qual assina em baixo, e que ilustram bem meu pensamento:
- Os brasileiros... muitas vezes são simplesmente rudes. Por exemplo, um vizinho que toca música alta durante toda a noite… E mesmo se você vá pedir-lhe educadamente para abaixar o volume, ele diz-lhe para você “ir se fud**”.
- Os brasileiros são agressivos e oportunistas, e, geralmente, à custa de outras pessoas.
- Brasileiros toleram uma quantidade incrível de corrupção nos negócios e governo.
- Os ricos têm um senso de direito que está além do imaginável.
- Os brasileiros fazem tudo inconveniente e difícil.
- Eletricidade e serviços de internet são absurdamente caros e ruins.
Assim como constatei observando o comportamento dos nativos em Orlando e região, a conclusão do texto demonstra a diferença, que está num ponto, num aspecto que alerto faz tempo. A diferença está no povo. Sim, está em mim e em você.
Arquivo pessoal - 14/02/2014 |
Se ainda não consegui ser claro o bastante, vale a pena ler outra matéria igualmente divulgada, feita pela France Football, sobre o que vem acontecendo com os preparativos para a Copa de logo mais. (Link) A lista de aberrações é bem maior e mais abrangente que a feita pelo estadunidense, e bastante mais agressiva à nossa soberba de 8 economia do mundo.
Os EUA não é um oásis, não é perfeito, mas os problemas básicos, que aqui não resolvemos, por lá foi liquidados há décadas. O fato de não termos que nos preocupar se seremos assaltados na próxima esquina, se seremos mortos pois não temos saldo suficiente, têm seu valor. Assim como a certeza de que nossos filhos terão boa educação ainda que numa escola pública, e que o hospital público local lhe dará um tratamento similar ao de um plano de saúde por aqui.
Continuo criticando, continuo crendo que maior culpa por tudo o que vivemos não é de quem comanda, mas de quem escolhe. Somos vítimas de nós mesmos, e, conscientemente, continuo me declarando não simpático a esse país. Entre ama-lo e deixa-lo, minha decisão está tomada. E aceito qualquer convite de me retirar, especialmente dos nacionalistas que visitam Cuba, mas postam foto no facebook via iphone. Ou daqueles que criticam as privatizações, mas tem 3 linhas de celular. Ou ainda aqueles que acham que as importações acabaram com nossa indústria, mas todo dia vão ao trabalho a bordo de um BMW. Ou ainda àqueles que criticam o capitalismo, mas colocam senha no wi-fi.
Continuo criticando, continuo crendo que maior culpa por tudo o que vivemos não é de quem comanda, mas de quem escolhe. Somos vítimas de nós mesmos, e, conscientemente, continuo me declarando não simpático a esse país. Entre ama-lo e deixa-lo, minha decisão está tomada. E aceito qualquer convite de me retirar, especialmente dos nacionalistas que visitam Cuba, mas postam foto no facebook via iphone. Ou daqueles que criticam as privatizações, mas tem 3 linhas de celular. Ou ainda aqueles que acham que as importações acabaram com nossa indústria, mas todo dia vão ao trabalho a bordo de um BMW. Ou ainda àqueles que criticam o capitalismo, mas colocam senha no wi-fi.
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